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Tarifaço de Trump: impactos e caminhos para os exportadores capixabas

Publicado em: 15/07/2025

Reprodução

Por: Gabriel Harchbart

 

A recente decisão do ex-presidente norte-americano Donald Trump de impor tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros acendeu o alerta vermelho para empresas do Espírito Santo. Café, granito, ovos, carne, frutas, papel e celulose são algumas das exportações capixabas que podem ser diretamente afetadas.

Mais do que uma medida econômica, o tarifaço é uma sinalização política — e, como toda mudança brusca no cenário internacional, exige preparo, resiliência e inteligência de gestão.

 

O impacto direto no Espírito Santo

O estado é um dos maiores exportadores de café conilon do Brasil. Boa parte dessa produção tem como destino os Estados Unidos. Com a tarifa, o café capixaba perde competitividade frente a países como Vietnã ou Colômbia, pressionando os preços e a rentabilidade dos produtores locais.

No setor de rochas ornamentais, como granito e mármore, o cenário se repete. O Espírito Santo concentra mais da metade da produção nacional e tem nos EUA um de seus principais clientes. Com o aumento de custo para o importador, muitos contratos podem ser renegociados — ou perdidos.

Outros segmentos, como ovos, carne bovina, frutas (mamão, banana, laranja) e papel e celulose, também devem sentir o impacto. A tarifa de 50% pode inviabilizar acordos já assinados ou emperrar novas negociações.

 

O que fazer: gestão e vendas com foco em resposta estratégica

  1. Diversifique mercados agora, não depois
    A crise é também uma oportunidade para sair da dependência dos EUA. O momento exige acelerar acordos com mercados alternativos — Europa, Oriente Médio, China e até outros países da América Latina. Buscar apoio da ApexBrasil, feiras internacionais e rodadas de negócios pode abrir portas e reduzir o impacto da perda de um único cliente relevante.

  2. Invista na diferenciação do produto
    Com a margem mais apertada, vencer pela qualidade é uma das únicas saídas. Isso vale tanto para o café especial quanto para blocos de granito com acabamento superior. Criar um posicionamento premium pode justificar o preço em mercados exigentes e menos sensíveis às tarifas.

  3. Transforme o time de vendas em inteligência de mercado
    Vendedores devem ir além da venda: precisam mapear tendências, identificar novos canais e trazer informação do campo para a gestão. A área comercial se torna um radar estratégico. É hora de treinar o time para falar mais inglês, dominar dados de exportação e pensar como consultores, não apenas como tiradores de pedido.

  4. Revise contratos e modelos logísticos com urgência
    Empresas que dependem de contratos em dólar ou que operam com fretes internacionais devem revisar cláusulas de reajuste e prazos. Trabalhar com cenários de curto, médio e longo prazo permite negociar melhor — e evita sustos com a volatilidade cambial e custos de transporte.

  5. Use o planejamento estratégico como ferramenta viva
    Quem já trabalha com metodologias como OKR, SWOT e OODA Loop está à frente. Em vez de engessar planos a cada virada de ano, o contexto pede acompanhamento semanal, revisões ágeis e times mais preparados para tomar decisões com dados em mãos. Gestão precisa virar rotina, não só discurso.

O Espírito Santo tem uma vocação exportadora admirável. Mas o tarifaço nos mostra que depender de poucos mercados é um risco estratégico. 

Se a política internacional muda de uma hora para outra, nossa gestão e nosso comercial precisam mudar ainda mais rápido.

O orgulho capixaba nasce do campo, da pedra e do porto. Mas ele se sustenta com visão, estratégia e atitude.

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