Foto: Reprodução/Twitch @casimito
O caso da CazéTV está entre os assuntos mais comentados do Twitter. Em menos de 24 horas, o canal no YouTube já perdeu mais de 200 mil inscritos após uma live em que Casimiro fez piadas e riu de Jair Bolsonaro. A repercussão foi imediata e intensa, mostrando como, em tempos de alta polarização, a mistura entre política e imagem pública pode virar combustível para crises de reputação.
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Casimiro é um dos maiores fenômenos da internet brasileira. Construiu uma comunidade massiva em torno do entretenimento esportivo e elevou a CazéTV a patamares inéditos de audiência. Mas bastou um gesto, uma risada, para acionar a máquina do cancelamento e colocar a marca no centro de uma controvérsia nacional.
Não se trata de defender ou criticar o conteúdo da live, mas de refletir sobre algo mais profundo: o impacto do posicionamento político de líderes na percepção pública da marca que representam.
Hoje, mais do que nunca, fundador e empresa são lidos como uma coisa só. E quando o rosto da liderança é também a alma da marca, qualquer fala, riso ou comentário vira imediatamente parte do discurso institucional. Essa fusão entre identidade pessoal e branding é poderosa, mas também arriscada. Porque o que constrói também pode destruir.
Existe uma linha tênue entre o direito à liberdade de expressão e o dever de proteger o capital simbólico da marca. Não há fórmula exata. O que há é contexto, estratégia e responsabilidade.
Muitos líderes querem influenciar o debate público. E tudo bem. Não é sobre proibir o posicionamento, mas sobre entender as consequências. A gestão exige visão sistêmica. Um líder que se manifesta politicamente precisa avaliar o impacto nos colaboradores, nos clientes, nos patrocinadores, nos canais de aquisição e até na cultura organizacional.
A CazéTV vive isso agora. É um negócio que nasceu da força de um indivíduo, mas que emprega dezenas de pessoas e depende de grandes marcas. A polêmica da semana não é apenas sobre política, é sobre branding, posicionamento e estratégia empresarial.
Eu mesmo me posiciono quando acredito que é necessário. A linha é difícil. Estreita. Escorregadia. Mas ainda assim, acredito que a liberdade deve vir antes. Porque sem liberdade, não há autenticidade. E sem autenticidade, não há liderança que sustente uma marca de verdade.
Ser gestor é tomar decisões com base no impacto que elas terão. E, às vezes, isso significa decidir calar. Outras vezes, significa falar mesmo sabendo que pode perder. O importante é que seja uma escolha consciente, e não uma reação impulsiva. Porque liderar é, acima de tudo, antecipar as consequências de cada passo. E bancar cada uma delas.