Reprodução / Inside EVs
Há 112 anos, Henry Ford revolucionou o mundo com a linha de montagem. O “fordismo” não foi apenas um modelo produtivo — foi um divisor de águas na história da indústria, tornando produtos antes inacessíveis em algo que milhões podiam comprar.
Agora, a própria Ford está aposentando esse símbolo para encarar o maior desafio do seu tempo: competir no mercado global de veículos elétricos baratos. Um movimento que exige mais do que investimento: exige coragem para destruir o próprio legado em nome do futuro.
A empresa está investindo US$ 2 bilhões para transformar sua fábrica em Louisville, criando um “sistema de produção universal” que substitui a tradicional esteira linear por três linhas paralelas — dianteira, traseira e bateria estrutural — que se unem no fim. O resultado: 20% menos peças e processos muito mais simples.
O objetivo? Lançar, em 2027, uma picape elétrica de US$ 30 mil e brigar com concorrentes como a chinesa BYD, que vende EVs por US$ 10 mil a US$ 25 mil e avança rapidamente em mercados como Europa e América Latina.
Mas não se engane: mudar 112 anos de um modelo que moldou a indústria é arriscado. Nos últimos dois anos, a divisão elétrica da Ford já perdeu quase US$ 10 bilhões — e a projeção para este ano é de mais US$ 5,5 bi de prejuízo. Ainda assim, a empresa entendeu que, em um mercado que se move rápido, não mudar é mais perigoso que mudar.
O recado que fica para qualquer gestor ou empreendedor é simples: nenhum sucesso passado garante o futuro. Modelos vencedores um dia se esgotam, e o progresso exige a coragem de abrir mão de fórmulas consagradas para experimentar algo novo.
Porque, às vezes, é preciso ter a ousadia de reinventar até aquilo que você mesmo inventou.