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Espírito Santo recebe milhares de engenheiros na 80ª SOEA e o país encara os desafios da valorização profissional

Publicado em: 02/10/2025

Foto: Arquivo pessoal

Por: Filipe Machado

 

Evento nacional acontece no Pavilhão de Carapina destacando a diversidade das áreas tecnológicas e os avanços em inovação, em um momento em que o mercado enfrenta um apagão de mão de obra qualificada e a desvalorização salarial preocupa empresas e profissionais.

 

Entre os dias 6 e 9 de outubro, o Espírito Santo se tornará a capital brasileira da engenharia. O Pavilhão de Carapina, na Serra, recebe mais de 8 mil engenheiros, agrônomos e geocientistas de todo o país para a 80ª Semana Oficial da Engenharia e da Agronomia (SOEA), evento promovido pelo Sistema Confea/Crea e Mútua que chega à sua oitava década como um dos principais fóruns de debate sobre o presente e o futuro da engenharia brasileira.

A realização da SOEA no estado capixaba é histórica e representa um marco para os profissionais e instituições locais. “Mais do que sediar o maior evento da área tecnológica do país, estamos abrindo as portas do Espírito Santo para o Brasil conhecer a força dos nossos profissionais, a qualidade das nossas empresas e o papel estratégico que desempenhamos no desenvolvimento nacional”, destaca Jorge Silva, presidente do Crea-ES. Segundo ele, esta é uma oportunidade para evidenciar o protagonismo da engenharia, da agronomia e das geociências capixabas diante dos desafios nacionais.

Foto: Divulgação

Um mercado em transformação e carente de soluções

Nos últimos anos, o setor da engenharia tem convivido com uma contradição crescente. De um lado, empresas relatam dificuldade para contratar profissionais qualificados para projetos estratégicos. De outro, milhares de engenheiros deixam o mercado formal ou migram para o empreendedorismo diante de salários pouco competitivos, falta de reconhecimento e perspectivas limitadas de crescimento.

A pesquisa Confea 2025, que ouviu 45 mil profissionais em todo o país, mostrou que a remuneração e as condições de trabalho são os principais fatores que afastam engenheiros do mercado tradicional. Muitos concluem que é mais vantajoso empreender do que permanecer em vínculos precários e mal remunerados.

 

Impactos diretos no desenvolvimento do país

Essa realidade tem consequências diretas para o futuro do Brasil. Sem profissionais valorizados e motivados, obras enfrentam atrasos, a capacidade de inovação tecnológica diminui e o país perde competitividade em setores estratégicos como infraestrutura, energia, mobilidade e agronegócio.

Em um momento em que o país precisa acelerar investimentos e modernizar sua infraestrutura, a escassez de mão de obra qualificada e bem remunerada se torna um gargalo ao desenvolvimento. Não basta formar mais engenheiros: é preciso garantir condições para que permaneçam atuando com dignidade e reconhecimento.

Foto: Divulgação

 

SOEA como espaço de reflexão e articulação

A SOEA 80 chega para oferecer um espaço privilegiado de debates sobre inovação tecnológica, sustentabilidade, inteligência artificial, transição energética e outros temas estratégicos para o setor. Mais do que um encontro técnico, o evento é uma oportunidade de reflexão coletiva sobre os caminhos para fortalecer a engenharia brasileira.

Receber um evento dessa magnitude no Espírito Santo é motivo de orgulho, mas também um chamado à ação. Valorizar os profissionais da engenharia, da agronomia e das geociências é fundamental para garantir que o país tenha capacidade de planejar e executar os projetos que determinarão seu futuro.

 

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