Aos 28 anos, Carla Vargas enfrentou uma doença que viria a mudar a sua vida: o câncer de mama.
Nascida em uma pequena cidade do Rio Grande do Sul, a capixaba de coração se mudou para o Espírito Santo em 2016 por acaso.
Além de se apaixonar pelo estado, foi aqui que a fisioterapeuta começou a pensar em montar seu próprio espaço para atendimento. Mas ela só teve coragem após enfrentar uma das doenças mais temidas da atualidade, o câncer.
“Foi onde consegui a maior dor e a maior força ao mesmo tempo”, destaca.
Ao descobrir a doença em 2019, passou por um processo intenso de autoconhecimento. Começou a olhar para si e a se questionar o porquê de desenvolver uma doença desse porte sendo tão nova, mesmo tendo uma boa alimentação a vida toda e sem histórico da doença na família.
Por meio desses questionamentos, começou a estudar sobre corpo somático, uma área da saúde fora da medicina tradicional que se refere à integração e interconexão entre o físico e as experiências emocionais e mentais de uma pessoa. Com isso, passou por um momento intenso de autoconhecimento e autoanálise.
“Quando você passa por situações como essa, você começa a olhar para você”, comenta.
Após fazer tratamento e vencer o câncer, em 2021, Carla juntou sua garra e determinação e montou seu próprio negócio. Alugou uma sala em Jardim da Penha e começou com o básico. “Eu tinha só uma maca, uma cadeira, um banquinho de plástico e o ar-condicionado”, recorda.
Com os novos estudos e certa de que as dores acometem o corpo, em muitos casos, por causa de questões emocionais e mentais, resolveu personalizar seu atendimento. Ao invés de só tratar as dores dos pacientes com massagens e movimentos estratégicos para a melhora, Carla busca ouvir a história e estimular o autoconhecimento de cada pessoa que passa no seu consultório.
“Não é só o corpo, a história daquela pessoa também influencia nas dores”, afirma.
A partir da análise dos hábitos, da trajetória de vida e dos problemas, a especialista realiza o diagnóstico das possíveis causas das dores e, além de cuidar fisicamente, orienta nas questões que afligem o paciente, proporcionando uma cura real.
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De acordo com Carla, a somatização no corpo é resultado de uma condição emocional que, na maioria dos casos, carregamos desde a infância. Ela explica que é nessa fase que começamos a explorar e desenvolver os movimentos. Quando a criança cresce em um ambiente com diversos conflitos, ela sente todos os problemas ao redor e tem reações no próprio corpo.
“Quanto mais carinho ela tiver, mais ela vai tirar a atenção de uma tensão que esteja acontecendo na casa e vai levar essa atenção para a exploração”, explica.
Desse modo, todos os traumas da infância acabam refletindo na estrutura física. Há casos que acontecem em outras fases da vida, nas quais a desordem física procede ou são agravadas por problemas emocionais e mentais, como a ansiedade, por exemplo.
“A ansiedade está diretamente ligada com a contração muscular. Quando o cérebro está ansioso, a gente fala que está na forma de ação. A ação te deixa desperto, seus músculos ficam quase que contraídos porque o seu cérebro acredita que você tem que agir. Quanto maior essa contratura muscular, maior sua ansiedade e, consequentemente, maior sua sobrecarga nos músculos e isso pode gerar uma dor”, diz.
Ou seja, as aflições psicológicas se acumulam no organismo e são transformadas em tensões que resultam em dor. Conforme descreve a profissional, o corpo fica desregulado e a terapia manual somática vai aplicar técnicas para corrigir as alterações articulares e musculares do organismo, integrando também as experiências emocionais e psicológicas da pessoa.
Carla conta que uma de suas pacientes é uma mulher de mais de 60 anos que tem uma dor crônica há muito tempo e até mesmo encontrou uma receita de 30 anos atrás que documenta essa dor. Durante as sessões, a fisioterapeuta percebeu que a idosa não tinha autoestima, a ponto de não se olhar no espelho. Com muito cuidado e carinho, aos poucos a senhora foi resolvendo suas questões emocionais e curando seu sofrimento físico.
Além de tratar os aspectos mentais, a profissional ressalta que o movimento é essencial para o ser humano, assim como comer, dormir, escovar os dentes, ir ao banheiro e outras necessidades fisiológicas. Segundo Carla, essa movimentação está intrínseca em cada indivíduo, como o movimento de se espreguiçar, por exemplo.
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