Os pesquisadores do Laboratório de Extensão e Pesquisa em Arte (Leena/Ufes) desenvolveram um tabuleiro de xadrez diferente: no lugar das peças que compõem o jogo tradicional, os jogadores encontrarão miniaturas de monumentos do estado em uma estratégia educacional lúdica para promover história, memória e identidade capixabas. O protótipo do Tabuleiro de Xadrez do Espírito Santo está exposto no Leena, localizado no Centro de Artes (campus de Goiabeiras), e os grupos ou indivíduos interessados em conhecê-lo devem preencher o formulário disponível neste link para agendar a visita guiada.
O tabuleiro foi desenvolvido pela equipe do Leena ao longo dos últimos dois anos, a partir de trabalhos executados nas impressoras tridimensionais do laboratório. A atual versão apresenta seis monumentos públicos em miniatura e, assim como no jogo tradicional, retrata a defesa do território e a proteção da identidade e da cultura local. A ideia é que o projeto chegue, em breve, às escolas da educação básica capixabas para auxiliar os professores em questões relacionadas à educação patrimonial, sociocultural e étnico-racial das crianças.
Fundador e coordenador do Leena, o professor do Departamento de Artes Visuais (DAV/Ufes) Aparecido José Cirilo explica que o Tabuleiro de Xadrez do Espírito Santo recompõe parte dos diferentes grupos étnicos que formam a população do estado, representando os povos pilares da sociedade capixaba: portugueses, afrobrasileiros, italianos, espanhóis e povos originários. “Neste jogo, o território é a identidade capixaba, nosso solo, nossa cultura. Claro que, como o jogo de xadrez tem uma limitação de peças, alguns grupos étnicos serão trabalhados em outros games do projeto ou em outras versões desse tabuleiro”, ressalta.
Um jogo de xadrez tradicional é composto por 32 peças, incluindo rei, rainha, torres, bispos, cavalos e peões. No Tabuleiro de Xadrez do Espírito Santo, o jogador encontrará a rainha Dona Domingas, única mulher negra com monumento público no estado. “O simbolismo que a presença dessa mulher, enquanto peça mais importante do tabuleiro, representa, em grande medida, os objetivos dessa ferramenta pedagógica, que é aproximar nossas crianças e a população em geral da sua própria identidade”, diz Cirilo.
As outras peças que compõem o Tabuleiro são o rei, representação do grupo indígena Botocudo; o bispo, que é o Padre Alonso (Baixo Guandu); a torre, representada pelo Monumento à Colonização Espanhola (Alegre); a cavalaria, que é a escultura espontânea Cavalos (Linhares); e o peão, uma homenagem ao cabo Aldomário (Baixo Guandu).
O Tabuleiro está em fase de testes e os visitantes do Laboratório ajudarão os pesquisadores no aprimoramento do jogo. “É uma ação educativa dentro dos outros jogos, de modo geral, mas uma versão mais gourmet dele tem uma potencialidade comercial, no campo do colecionismo. Então, isso não está descartado no horizonte, até porque as pesquisas precisam continuar sendo financiadas”, sinaliza Cirilo.
O protótipo foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes), contando com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Fonte: UFES