A trajetória de Abel Santana no teatro é um exemplo inspirador de como a paixão por uma arte pode transformar a vida e a carreira de alguém. Desde criança, Abel sempre teve um fascínio pelas artes dramáticas, observando com entusiasmo a atuação de grandes artistas no teatro, cinema e TV. Contudo, sua jornada no palco começou com uma timidez profunda, algo com o qual muitos de nós podemos nos identificar. Aos 15 anos, foi professora Ednéa Peçanha Moreira quem o incentivou a se superar e a mergulhar no universo teatral, com a adaptação de uma obra literária para o palco. Essa experiência foi um divisor de águas para Abel, que, ao sentir a magia de estar em cena, descobriu o prazer único que o teatro proporciona.
Ao longo dos anos, o teatro tornou-se uma ferramenta essencial para vencer a timidez e se expressar, e foi nele que Abel encontrou um canal para sua criatividade. A escrita de textos e a interpretação de personagens se tornaram não só um passatempo, mas também um meio de divertir e tocar as pessoas ao seu redor. A igreja, ambiente muito comum aos atores, também foi palco para Abel vivenciar personagens bíblicos e criar suas próprias peças.
Embora seu coração estivesse no teatro, o caminho para o profissionalismo não foi simples. Sem saber como ingressar formalmente na área, Abel seguiu sua trajetória acadêmica, cursando História e Ciências Econômicas, áreas que contribuíram de maneira valiosa para sua formação artística, já que o conhecimento histórico e cultural é fundamental para a interpretação e construção de personagens. Ao longo dos anos, Abel ainda fez uma pós-graduação em Psicopedagogia, e o teatro continuava a ser seu grande aliado nas apresentações de sala e até nos intervalos das aulas, com sua habilidade de entreter os colegas.
Foi em 2002 que Abel sentiu a necessidade de se aprofundar nos estudos e, em 2004, ingressou de fato na Escola de Teatro e Dança FAFI, um passo decisivo para sua carreira. A escola foi fundamental para consolidar seu amor pela arte e pela interpretação consciente. Já em 2005, começou a escrever e apresentar peças com grupos de teatro formados por estudantes, como a adaptação de “As Irmãs Galvão”, que marcou o início de sua produção autoral.
A produção e encenação de peças como “Romeu e Julieta nos Tempos da Brilhantina” e “Malhakão” consolidaram Abel como um nome forte no cenário teatral capixaba. E foi em 2007 que surgiu a Oficina de Atores Abel Santana, um espaço dedicado ao ensino e à divulgação das artes cênicas no Espírito Santo, onde anualmente são produzidos espetáculos que revelam o potencial artístico da região e capacitam novos talentos.
Abel tem sido um exemplo de como é possível fazer teatro amador de alta qualidade no Espírito Santo, algo que muitas vezes é visto apenas em grandes centros culturais. Sua missão de transformar a vida de seus alunos e de levar a arte para as pessoas, com dedicação, paixão e técnica, é um verdadeiro legado para o Estado. Hoje, sua oficina tem como principal objetivo formar atores completos, com conhecimento teórico e prático da arte de interpretar.
Abel Santana não é apenas um ator e diretor, mas um verdadeiro formador de talentos e um apaixonado pela arte que, com esforço e comprometimento, contribui para o crescimento do teatro capixaba. Sua história é, sem dúvida, um grande exemplo de perseverança e amor à cultura do Espírito Santo.