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A Estrada de ferro EF-118, BR-262 e outras obras mostram como a engenharia precisa voltar a ser prioridade

Publicado em: 04/09/2025

Foto: Dnit

O atraso em grandes obras não gera só números negativos, mas um custo silencioso para toda a sociedade capixaba.

 

Por: Eng. Filipe Machado – Perito e Auditor de Engenharia

 

Se você acompanhou os jornais nesta semana, deve ter visto a discussão entre o Governo do Espírito Santo e a Vale sobre a EF-118. Trata-se de uma ferrovia planejada para ligar Cariacica a Anchieta, avaliada em cerca de R$ 6 bilhões, e que se arrasta entre promessas e indefinições. O projeto, fundamental para a logística capixaba, reduziria custos de transporte, atrairia investimentos e daria mais competitividade ao Estado. Nesse caso, é justo reconhecer a cobrança firme do governo estadual, que representa a expectativa da sociedade em ver a obra sair do papel.

Outro exemplo é a BR-262, rodovia que liga Vitória a Belo Horizonte e que há anos convive com a indefinição de sua duplicação. O governo do Estado também luta por esse avanço, porque enquanto a obra não acontece vidas se perdem em acidentes, motoristas enfrentam congestionamentos e o custo do transporte aumenta, refletindo em toda a economia regional.

Mas a paralisia ou a indefinição de obras não se limita a esses grandes projetos de infraestrutura. O Brasil inteiro sofre com atrasos em empreendimentos que deveriam atender áreas essenciais da sociedade. Quando isso acontece, os prejuízos não aparecem apenas nos balanços ou nas manchetes. Eles estão no dia a dia: no emprego que deixa de ser criado, na empresa que desiste de investir e na qualidade de vida comprometida de quem paga a conta sem receber o benefício prometido.

Obras paralisadas representam desperdício de dinheiro, desgaste de projetos, perda de prazos e desatualização técnica. Cada ano parado significa aumento de custos e, muitas vezes, necessidade de refazer etapas inteiras, elevando ainda mais a fatura. O resultado é uma espiral de ineficiência que mina a confiança da população e dos investidores.

A engenharia tem papel decisivo para mudar esse cenário. É ela que pode garantir planejamento realista, execução com qualidade e fiscalização independente. Quando colocamos a engenharia e o benefício coletivo em primeiro lugar, os recursos se transformam em infraestrutura, serviços e desenvolvimento. Quando não, prevalecem interesses secundários e promessas que nunca se concretizam.

O avanço do Espírito Santo não pode ser travado por indefinições políticas e compromissos não cumpridos. Precisamos continuar avançando. Seja na ferrovia, seja na rodovia, seja em qualquer outro investimento público, não podemos mais conviver com a conta invisível das obras paralisadas. Colocar a engenharia como prioridade é assegurar que cada obra entregue represente futuro, eficiência e prosperidade para todos os capixabas.

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