Foto: Agência Pará
A menos de 100 dias da COP30, o Brasil enfrenta um dilema entre oportunidade e oportunismo.
Belém se prepara para receber mais de 40 mil visitantes de todo o mundo entre 10 e 21 de novembro. A cidade terá os olhos do planeta voltados para si, com a chance rara de ser vitrine de organização, hospitalidade e credibilidade internacional.
Mas, em vez de protagonismo positivo, as manchetes expõem outra realidade: a escalada abusiva dos preços de hospedagem. A situação foi tão extrema que já provocou críticas internacionais, levou o presidente da Áustria a cancelar sua participação e fez os organizadores admitirem que “não há plano B”.
E aqui entra a lição para gestores.
O mercado sempre vai precificar oferta e demanda. Aumentar preços em contextos de alta procura é natural. O erro é confundir oportunidade com ganância. Elevar tarifas de forma desproporcional pode gerar caixa imediato, mas compromete algo muito mais valioso: a reputação.
Gestão não é só sobre números. É sobre visão de longo prazo. Empresários que multiplicam preços pensando apenas no evento esquecem que cada cliente é também um mensageiro da sua marca. O boca a boca negativo, principalmente em escala global, corre mais rápido do que qualquer campanha de marketing.
É nesse ponto que se distingue quem enxerga negócios como transações isoladas e quem entende o valor de um relacionamento contínuo. O primeiro tipo ganha no mês. O segundo constrói autoridade, confiança e mercado para os próximos anos.
A COP30 deveria ser para Belém um exemplo de preparo e maturidade. Ao contrário, está servindo como alerta para qualquer gestor: decisões tomadas sob a euforia de curto prazo podem comprometer o capital mais difícil de reconstruir — a credibilidade.
No fim, a pergunta é simples: quando sua empresa receber atenção global, você quer ser lembrado pelo lucro rápido ou pela capacidade de entregar valor sustentável?