Fotos: Arquivo pessoal
Com um desempenho de tirar o fôlego, a corredora Rafaella Neves, capixaba de coração, conquistou o 2º lugar feminino no Desafio Cidade Maravilhosa da Maratona do Rio 2025 — uma jornada que somou 21 km no sábado (21) e mais 42 km no domingo (22), em um dos percursos mais desafiadores (e mais belos) do Brasil. Rafaella completou a meia maratona em 1h38min, com pace de 4:36 por quilômetro, e cruzou a linha final da maratona em 3h18min, mantendo um ritmo de 4:39/km.
Aos 31 anos, Rafaella mora em Vila Velha (ES), mas nasceu no estado do Rio de Janeiro. Empresária e sócia do Studio Fabrício Bastos, ela carrega no peito o orgulho de uma vida guiada pelo esporte. “Acredito no poder transformador do treino e na força da constância. Estou aqui para inspirar, somar e seguir construindo caminhos através do esporte”, conta.
Encarar dois dias seguidos de prova exigiu mais do que preparo físico. Para Rafaella, o processo de construção até o Desafio foi tão importante quanto o resultado. “Foram 6 meses de treino, dedicação e escolhas. Abri mão de muitas coisas para me preparar. Dias em que o cansaço falava mais alto, mas a vontade de alcançar algumas metas falava mais alto. Lá no Rio, era só viver. A parte difícil já tinha ficado nos treinos. Eu sabia: estava pronta”, compartilha.
Na recuperação entre uma prova e outra, Rafaella conta que o cuidado com o corpo foi aliado da mente. “Entre os 21km e os 42km, minha maior preocupação era a mente. […] Decidi focar no que estava ao meu alcance: descansar e cuidar do corpo e da cabeça. Me alimentei muito bem, fiquei super atenta à hidratação e reposição de eletrólitos. Fiz liberação miofascial, depois bota de compressão, e isso me ajudou demais”, conta a corredora. Com o corpo restaurado e a cabeça no lugar, ela largou para a maratona com a certeza de estar pronta.
A linha de chegada da maratona veio com um filme na cabeça. “Completei mais uma maratona. Fiz uma prova forte. E o mais louco: no dia anterior, tinha corrido 21km”, lembra. “A sensação era indescritível. Felicidade, superação, um orgulho silencioso. Naquele momento passou um filme na cabeça… Tudo que precisei abrir mão para estar ali. Treinos longos, cansaço, renúncias… que muitas vezes ninguém vê”, diz Rafaella.
Ao ver o resultado final, que a garantiu um troféu, o coração disparou mais do que nas provas. “Eu sabia que tinha ido bem nas duas provas, mas jamais imaginei conquistar o 2º lugar geral no Desafio. Quando olhei o resultado foi um misto de: ‘Tô muito feliz!’ com ‘Ainda não tô acreditando’”, relata. E completou: “Essa conquista não é só um troféu, é a prova de que quando a gente faz com o coração, as recompensas vêm — às vezes, até além do que a gente sonhou.”
A relação de Rafaella com a corrida começou por acaso, por convite da prima. E logo virou parte da identidade da corredora capixaba. “A corrida entrou na minha vida em 2015/2016, e nunca mais saiu. Engraçado lembrar que no começo eu odiava correr. Parecia que eu ia morrer a cada passada. Mas acho que foi justamente essa dificuldade, esse desafio mental que me fez continuar”, lembra.
A virada veio com a primeira meia maratona. “Tudo começou com um convite da minha prima, Julyana. […] O Douglas, meu primeiro treinador, me preparou para a minha primeira meia [maratona], e foi aí que eu entendi: isso aqui é pra mim, não quero mais parar.”
Desde então, ela não parou mais. “A corrida virou parte da minha rotina, do meu estilo de vida, virou parte de quem eu sou. Não sei falar da Rafaella sem a corrida”, conta, aos risos.
Rafaella acredita que correr vai além do esporte: é sobre transformação pessoal. “Sempre existiu aquela ideia: ‘você não tem biotipo de corredora’, ‘você não leva jeito’. Mas eu aprendi a quebrar padrões. A mostrar primeiro pra mim mesma que a gente pode ser o que quiser, desde que acredite, se dedique e não desista”, diz a atleta.
Nas redes sociais, especialmente no Instagram (@rafaellanevess), Rafaella compartilha treinos, vitórias e vulnerabilidades. “Ali, busco incentivar uma vida saudável, mas com equilíbrio, sem extremismos e sem a ilusão de perfeição. Mostro minha rotina com transparência: os dias bons, mas também os dias difíceis, quando a motivação falha ou o corpo não responde como esperado. […] Quebrar numa prova, fazer um treino ruim… tudo isso faz parte do processo”, expõe Rafaella, que afirma que, mesmo com os tropeços, o importante é buscar o compromisso, a constância e a evolução.
E engana-se quem pensa que o Desafio do Rio foi o ápice. Rafaella já tem a mente e o coração voltados para os próximos quilômetros e sonhos. “Minha próxima prova [maratona] será em Florianópolis, onde busco um sub 3:10. Já em 2026, minha meta é alcançar o sub 3 na Maratona do Rio e realizar o sonho de correr a Maratona de Boston”, planeja.
Os planos não param por aí. Ela tem objetivos ainda maiores. “Tenho dois grandes objetivos que me mantêm firme nos treinos: completar as World Marathon Majors e, depois, me arriscar no Ironman full.”
Ao olhar para tudo que viveu até aqui, Rafaella deixa uma mensagem a quem está começando, ou pensando em desistir. “Nossos dias difíceis são vividos no silêncio, dentro da gente. […] Mas a linha de chegada só existe para quem segue, mesmo nos dias mais difíceis”, compartilha.
“Seja qual for o seu desafio: confie no processo, respeite o caminho e vá com tudo. Porque quando você se prepara de verdade, o impossível vira conquista”, finaliza.
Capixaba de coração, Rafaella Neves é mais um Orgulho, que faz da corrida uma ferramenta de superação e inspiração!