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Como se prevenir de lesões nas atividades físicas e alerta com xixi escuro

Publicado em: 29/08/2025

Foto: Divulgação

Por: Matheus Thebaldi

 

O receio de lesões ainda afasta muitas pessoas ou compromete a continuidade das rotinas de atividades físicas. Para desmistificar o tema e orientar sobre como evitar problemas, a professora Evanilde Muniz, coordenadora e docente do curso de Educação Física do Centro Universitário Módulo, destaca os erros mais frequentes e os pilares essenciais para uma prática segura e eficaz.

Segundo a especialista, a busca por resultados rápidos e a falta de orientação profissional são as principais armadilhas para quem inicia ou mantém uma rotina de exercícios. “Muitas pessoas começam por conta própria, sem avaliação prévia ou acompanhamento adequado, o que pode sobrecarregar articulações e músculos. O excesso de entusiasmo, sem respeitar o tempo de adaptação do corpo, é um caminho direto para lesões, especialmente em joelhos, quadril, ombros, tornozelos, cotovelos e coluna”, alerta a especialista.

A negligência com o aquecimento e o alongamento, bem como o uso inadequado de equipamentos (como um tênis errado ou carga mal ajustada), também são fatores que aumentam significativamente o risco de distensões e entorses.

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Sinais de alerta que não devem ser ignorados

Ela enfatiza que o corpo envia sinais claros quando algo não está certo. “Dor persistente (mesmo em repouso), inchaço ou rigidez articular, perda de força ou sensibilidade, estalos acompanhados de dor e diminuição do desempenho sem causa aparente são indicativos de que é hora de interromper a atividade e buscar avaliação de um profissional de Educação Física e, se necessário, de outros especialistas da saúde”, orienta.

 

Pilares para uma rotina segura e duradoura

Para além da técnica correta e do aquecimento, Evanilde aponta quatro pilares essenciais para “blindar” o corpo contra lesões a longo prazo. O primeiro é o fortalecimento muscular equilibrado, pois, como explica a especialista, “um corpo forte é um corpo protegido”. Ela ressalta que o desequilíbrio muscular gera compensações e aumenta o risco de lesões, sendo crucial trabalhar tanto grandes grupos musculares quanto a musculatura estabilizadora.

Em segundo lugar, a flexibilidade e mobilidade articular são fundamentais, já que manter uma amplitude de movimento saudável previne encurtamentos e sobrecargas, com o alongamento e exercícios de mobilidade articular atuando como aliados importantes.

O terceiro pilar é o descanso e recuperação, pois o corpo precisa de tempo para se regenerar; treinar todos os dias sem pausas adequadas pode levar ao overtraining, comprometendo o desempenho e favorecendo lesões por estresse repetitivo.

Por fim, a alimentação e hidratação completam a lista, uma vez que uma nutrição equilibrada fornece os substratos energéticos e estruturais para a recuperação e fortalecimento, enquanto a hidratação adequada mantém a integridade articular e o bom funcionamento muscular.

 

Xixi escuro pós treino intenso pode ser sinal de rabdomiólise

Você voltou da academia depois de um treino pesado, foi ao banheiro e notou que o xixi está escuro, quase preto. Assustou? Deveria. Embora muita gente associe esse sintoma à desidratação, ele pode indicar algo muito mais sério: a rabdomiólise, uma condição grave e ainda pouco conhecida entre atletas amadores e praticantes de atividades físicas intensas.

A rabdomiólise ocorre quando há uma destruição exagerada das fibras musculares, liberando na corrente sanguínea substâncias como a mioglobina, capazes de sobrecarregar os rins1. Ao contrário do que possa parecer, é mais comum do que se imagina e pode afetar especialmente atletas amadores, que iniciam treinos intensos sem orientação. De acordo com um levantamento publicado no Journal of Athletic Training, cerca de 29% dos casos registrados de rabdomiólise estão associados a atividades físicas extenuantes realizadas por pessoas sem preparo adequado2.

“Quem quer iniciar uma atividade física mais intensa precisa se preparar de forma calma, lenta e progressiva. Caso contrário, o risco de lesões graves e até problemas renais se torna real”, explica Isabel Chateaubriand Diniz Salles, coordenadora médica do Serviço de Reabilitação​ no Sírio-Libanês.

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Entre os três sinais mais comuns da rabdomiólise estão a dor muscular intensa, fraqueza e urina escura (com cor similar à de um refrigerante como a Coca-Cola). Contudo, poucos pacientes terão os três sintomas. “Se houver histórico de dor muscular com urina escura, tem que suspeitar dessa condição”, reforça a médica. Quando não tratada rapidamente, a rabdomiólise pode levar a complicações sérias, internação e, em casos extremos, até à morte.

A boa notícia é que a prevenção é simples e acessível: hidratação adequada, evitar exercícios extremos ou intensos para quem não está acostumado e não se expor a um calor intenso. Se o corpo está dando sinais de alerta, como um xixi fora do normal, é hora de parar, investigar e se cuidar. O treino do dia seguinte pode e deve esperar. “Não faz sentido se expor a uma atividade física extrema sem preparo. Isso é coisa para atletas de alto rendimento e, até mesmo eles, pagam um preço por isso”, pondera Isabel.

Em tempos de busca por resultados rápidos, é importante lembrar que a performance não deve vir antes da saúde. “As pessoas querem tudo muito rápido hoje em dia. É um contrassenso as pessoas se submeterem a treinos com eletroestimulação, variações extremas de temperatura para suar mais e perder peso”, finaliza a especialista.

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