Comemoração das meninas do MDE após a vitória. Foto: Thiago Soares/Folha VItória
Como atletas, treinadoras ou torcedoras, as mulheres vêm conquistando seu espaço no mundo dos esportes, superando limites, alcançando novos patamares e reafirmando sua força. Sendo assim, os times femininos não poderiam ficar de fora da Copa Vitória das Comunidades, o maior evento de esporte amador da capital.
Em sua 42ª edição, a Copa Vitória das Comunidades reúne 25 equipes, sendo nove femininas, divididas em dois grupos, e dezesseis masculinas, em quatro grupos. Ao todo, são previstos 50 jogos.
Com nove times, as mulheres estão mostrando todo o seu potencial e proporcionando uma disputa acirrada para o público. Os grupos do torneio feminino são: Grupo A – MDE, Estadual 13, União Vitória, Luso Serrano e Bavi; e Grupo B – Estadual FC, PSNE, São Geraldo e Vila Velhense.
No time Luso Serrano está Queren Oliveira, que começou sua jornada no futebol com sete anos, na escolinha de futebol de seu pai. “Eu jogava com os meninos porque não tinha um time feminino, eu era a única menina e fui crescendo naquele meio e aprendi a ter essa paixão pelo futebol feminino que tenho hoje”, explica a jogadora.
Hoje, com 25 anos, Queren joga como volante do Luso Serrano, um dos times favoritos de sua chave na Copa das Comunidades, com seis pontos em duas partidas. “O futebol feminino vai muito além do campo. Cada vez que entramos para jogar, estamos abrindo portas para que outras meninas possam sonhar também. Estamos mostrando que o lugar da mulher é onde ela quiser, inclusive no futebol. Jogar a Copa Vitória das Comunidades é um ato de inspiração e amor pelo esporte”, ressalta.
A competição contará com uma premiação especial em dinheiro. Os campeões, tanto no masculino quanto no feminino, receberão um cheque no valor de R$ 12.500,00. A grande final será realizada no dia 31 de agosto (domingo), no Estádio Salvador Venâncio da Costa, em Bento Ferreira.
Nem sempre o futebol feminino foi bem visto. O primeiro time da seleção brasileira apenas de mulheres só foi formado em 1988. No entanto, a modalidade só foi reconhecida e profissionalizada em 2021 no Brasil. O amor das mulheres pelo esporte e a luta por igualdade destacou diversas jogadoras que são referências para as novas gerações, como Marta, Cristiane e Formiga.
Competições locais têm um papel essencial na formação de base de novas atletas. Além de trazerem oportunidades para as meninas mostrarem seu potencial e jogarem entre si, também criam uma rede de apoio feminina no esporte.
Em Vitória, o incentivo à permanência feminina no esporte se dá por meio do Plano Atleta, que hoje dá suporte à 15 mulheres em diversas modalidades, além do incentivo financeiro na premiação da Copa Vitória das Comunidades.
“Garantir o espaço e o protagonismo feminino nos esportes tem sido premissa da gestão Pazolini no Esporte. A Copa das Comunidades é um exemplo materializado. Temos número recorde de equipes, premiação idem e muita visibilidade. Outro exemplo é o campo da Curva da Jurema que tem horários protegidos para os projetos que desenvolvem o futebol feminino”, afirma o secretário de Esportes e Lazer de Vitória, Rodrigo Ronchi.
Roberta Menezes, 44, descobriu seu amor pelos esportes aos 11 anos, começando no handebol. Após adulta, descobriu o futebol e logo se atraiu pela posição de goleira. “Comecei jogando em um time da OAB e dedico alguns dias da semana a treinamentos específicos para goleiros”, explica.
Sobre sua trajetória na Copa das Comunidades, Roberta afirma ser uma experiência engrandecedora. “Depois de tudo isso, é como se tivesse me tornado uma referência para muitas meninas. É gratificante para mim, o exemplo vale mais do que palavras. Vejo que grande parte das garotas não têm o incentivo necessário para buscar seu sonho”.
“Iniciativas como a Copa são sempre bem-vindas. Quando começamos, não havia premiação em dinheiro para os times femininos, hoje temos. É importante que todos os municípios tenham ciência da luta diária que cada atleta tem, da importância do esporte na vida delas. Ter um dia só para os times femininos é uma vitória”, comemora a atleta.
Laís Pessotti tem apenas 13 anos e já segue os passos de grandes jogadoras como Roberta. “Comecei a jogar futsal com nove anos, em um projeto social masculino. Ano passado, iniciei no futebol feminino através do Capixabão Sub-17, onde percebi que queria continuar treinando em um time exclusivamente feminino”.
“Hoje, vejo minha participação no campeonato como uma grande oportunidade de aprendizado e crescimento pessoal. Quero evoluir como goleira, mesmo sendo mais nova que as outras meninas. Sei que posso contribuir com dedicação, disciplina e muita vontade de vencer”, frisou.
“Ter times completamente femininos disputando a Copa Vitória é um meio de quebrar preconceitos e mostrar que o futebol é para todos. Quanto mais oportunidades como essa existirem, mais o futebol feminino vai crescer e seguir inspirando novas gerações”, finalizou a goleira.
Independente da idade, é um consenso: a luta pelo espaço feminino nos esportes não vai parar. Cada gol marcado por elas é um avanço na busca por igualdade.