Educação em ação! Bombeiro cria projeto de música que ensina música para mais de 100 estudantes em Afonso Cláudio

A ação é parte do projeto Instituto Cultural das Montanhas, fundado por Marcelo Dutra que, além de professor, é bombeiro militar. O projeto conta com a participação de 117 alunos, sendo 102 da Escola Municipal Agrícola e oferece aulas teóricas de músicas e oficinas práticas de instrumentos musicais e canto.

Formado em Música pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), pós-graduado em Musicoterapia e mestrando com Artes, Marcelo tem uma conexão especial com a escola agrícola: estudou na mesma instituição quando tinha 11 anos.

“Eu estudei no 5º ano e fiz o ensino fundamental todo aqui até o 9° ano. E aí depois eu fiz prova para o Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), que também tem uma relação com a questão agrícola. No ensino médio, eu descobri minha vocação, minha vontade de ser professor de música”, disse.

Seu retorno à escola aconteceu em maio de 2021, ano em que foi transferido para a unidade de corpos de bombeiros de Venda Nova do Imigrante e decidiu voltar para casa. Foi então que resolveu se conectar com a escola novamente.

“Eu quis proporcionar mais oportunidades para as crianças, pensando nisso criei o Instituto Cultural das Montanhas, onde conseguimos por meio de leis de incentivo proporcionar uma educação de qualidade, contratação de mais professores, arcar com manutenção das aulas e distribuir cestas básicas e auxílios mensalmente.” comenta.

Além do ensino regular e das aulas de música oferecidas na Escola Municipal Agrícola, os alunos têm disciplinas de técnicas agrícolas, como práticas externas sobre como cultivar uma horta, e práticas internas, como técnica de economias domésticas, artesanato e culinária.

Com o retorno de Marcelo para a cidade e o contato com a escola, ele fundou o projeto de Educação Musical da Escola Agrícola de Afonso Cláudio.

“No ano de 2022, a gente criou o Instituto Cultural das Montanhas, que, desde junho, somos uma associação sem fins lucrativos que busca melhorar o ensino musical não só aqui na escola, mas em todo o município”, disse.

Mesmo com as aulas, Marcelo não deixou de atuar como bombeiro e destacou que as duas profissões são, de certo modo, semelhantes.

“Os alunos também se interessam muito sobre o que faço no Corpo de Bombeiros. Eu explico que tem muita coisa parecida com a música, como a responsabilidade e a sensibilidade”, destacou.

O regente disse ainda que tem um objetivo maior em relação ao projeto que toca com tanto carinho e dedicação.

“Meu sonho é que todos se realizem musicalmente. Mesmo que eles levem como um hobby, mas que seja um hobby bem feito. Que eles saibam tocar um instrumento e apreciar uma boa música”, pontua.

Neste ano de 2024, o Instituto Cultural das Montanhas terá ações em novos bairros, como o coral infantil em São Vicente com distribuição de cestas básicas e apresentações com intérpretes de libras. Ainda há uma grande novidade: o projeto vai criar o primeiro Cineclube da cidade, recursos adquiridos dentro da Lei Paulo Gustavo, estadual e municipal.

“Vamos oferecer aulas de cinema durante 4 meses para 20 adolescentes e jovens, o Cineclube das Montanhas contará ainda com o pagamento de bolsa a 5 desses estudantes durante o curso, um projeto da Sonia Coelho em parceria com o Instituto. Além do Cineclube, vou realizar a 1ª Mostra Interiorana das Montanhas, onde levarei para as escolas do município curtas e longas de diretores capixabas, valorizando o audiovisual capixaba. Esse é um projeto meu em parceria com o Instituto”, relata Marcelo.

Ações e transformação

Além de oferecer atividades voltadas para a música, o Instituto Cultural das Montanhas também realiza a concessão de bolsa-auxílio a 12 alunos que tiverem frequência igual ou superior a 70% das aulas, distribuição de cestas básicas e acompanhamento multidisciplinar aos estudantes inscritos no CadÚnico.

Segundo a pedagoga da Escola Municipal Agrícola, Sônia Coelho, o desempenho dos estudantes melhorou desde que o projeto foi iniciado na instituição.

“Os alunos ficaram mais comprometidos e vão amadurecendo. Não é só aprender um instrumento. Eles aprendem sobre cultura, arte e história. Se não fosse o projeto, a maioria dos alunos não teria contato nenhum com os instrumentos neste momento da vida, especialmente os mais clássicos”, disse a pedagoga.

Uma das alunas que está empolgada com o projeto é Taíque de Jesus Rodrigues, de 15 anos.

“Eu era louca para começar a tocar e me interessei quando soube que aqui na escola tinha”, disse a estudante, que faz aulas de violão.

O projeto também oferece aulas para as crianças, como Davi Otávio da Silva, de 8 anos, que está aprendendo a tocar flauta.

“Quando já deu a oportunidade, eu já entrei. É muito legal [participar]. Ensina muito!”, disse o menino.

Além das atividades internas, os estudantes já se apresentaram em Afonso Cláudio e outros municípios, e também já receberam maestros da Grande Vitória para masterclasses.

De acordo com o professor, o projeto conta com recursos da Lei de Incentivo à Cultura do Espírito Santo (LICC), do governo do Estado do Espírito Santo, por meio da Secretaria de Estado da Cultura (Secult); e do edital Circula Cultura, da Prefeitura de Afonso Cláudio, além de empresas que são apoiadoras. Toda a verba é para contratação de profissionais, aquisição dos instrumentos e equipamentos, viagens do grupo, cestas básicas, uniformes de apresentação e auxílios.