Alunos do Instituto Ponte na festa de comemoração de 10 anos da ONG. Ao lado, Bartira Almeida. | Foto: Instituto Ponte
Fundado em 2014 por Bartira Almeida, o Instituto Ponte tem a ambiciosa missão de ser “a ponte para a ascensão social em uma geração”. A iniciativa capixaba, que começou atendendo alunos da Grande Vitória, agora avança em sua expansão para outras regiões do Brasil, com um objetivo claro: proporcionar oportunidades educacionais de qualidade para jovens de famílias de baixa renda, transformando suas perspectivas de vida por meio da educação.
O Instituto foca em estudantes de escolas públicas, oferecendo reforço em disciplinas essenciais, como português e matemática, para nivelar os conhecimentos. Além disso, viabiliza bolsas de estudo em escolas particulares, assumindo custos relacionados à permanência dos alunos, como material escolar, transporte e alimentação.
Segundo Bartira, a metodologia foi inspirada no Instituto Bom Aluno do Brasil, fundado em 1993 no Paraná e replicado com sucesso em cidades como Curitiba, Londrina, Belo Horizonte e Salvador. Esse modelo orienta o trabalho desenvolvido, com destaque para a personalização do atendimento aos estudantes, um dos pilares que garantem o sucesso da iniciativa.
“Quando acertamos no perfil do aluno, 30% do caminho já está garantido. Esse aluno está em busca de uma oportunidade, e o processo flui. Além disso, oferecemos um atendimento individualizado, sempre focando nas necessidades específicas de cada aluno e mostrando várias oportunidades. Esse trabalho personalizado é um dos fatores do nosso sucesso”, explica Bartira.
A seleção dos alunos é criteriosa e envolve várias etapas para garantir que os selecionados estejam alinhados com a missão de transformação social da instituição. Podem se inscrever jovens de escolas públicas, com média escolar acima de 8, assiduidade acima de 90% e renda familiar de até 1,5 salários mínimos per capita. O processo inclui provas de conhecimentos gerais, dinâmicas de grupo, entrevistas com as famílias, avaliações psicológicas e vídeos de habilidades dos candidatos. Além disso, a equipe do Instituto realiza visitas às casas dos alunos para assegurar o cumprimento dos critérios socioeconômicos.
Essa dinâmica tem gerado resultados notáveis. Cerca de 87% dos alunos conseguem ingressar no ensino superior, incluindo instituições de destaque como ITA, Unicamp, USP, UFMG, UFES e Insper. Entre os universitários, 47% cursam engenharias e tecnologia, e 8% estão em cursos de medicina.
Outro ponto fundamental é o impacto socioeconômico na vida dos estudantes. De acordo com o Instituto, 28% dos universitários, a partir do 2º ano da faculdade, têm uma remuneração fixa mensal que é, em média, 2,3 vezes maior do que a renda per capita de suas famílias, comprovando o impacto real na ascensão social dos beneficiários.
O Instituto nasceu na Grande Vitória, mas logo recebeu procura de alunos do interior do Espírito Santo. “Eu pensava: ‘Como vou colocar um aluno de uma cidade a duas ou três horas de distância numa escola aqui?’ Mas eles sempre encontravam soluções, como morar com parentes ou amigos. A expansão para o interior do estado foi natural. Com a pandemia, aprendemos a dar aulas online, e foi aí que percebi que poderíamos atender alunos de qualquer parte do Brasil. O sucesso do ensino online me deu confiança para expandir. Começamos com apenas quatro alunos no formato online, e ao final do ano, vi que eles se desenvolveram de maneira semelhante aos alunos presenciais. Isso confirmou que o modelo funcionava”, relata Bartira.
Desde então, o Instituto adotou um modelo híbrido, no qual os alunos podem estudar remotamente e, ao mesmo tempo, frequentar escolas regulares parceiras em suas localidades. Quatro vezes ao ano, esses estudantes se reúnem na sede pedagógica do Instituto para fortalecer vínculos e alinhar objetivos.
Hoje, 60% dos alunos já são atendidos nesse formato híbrido, que amplia não apenas o alcance do Instituto, mas também suas parcerias e fontes de financiamento.
“Temos agora um leque maior de potenciais parceiros: desde pessoas que querem apoiar alunos de qualquer lugar do Brasil até aqueles que preferem investir em estudantes de suas comunidades locais”, pontua Bartira.
Apesar desse avanço, o desafio de ampliar o número de alunos atendidos ainda é grande. Atualmente, o Instituto Ponte tem 365 alunos ativos, e, segundo Bartira, a meta é dobrar esse número até 2029, alcançando 607 alunos.
“Isso envolve arrecadar 30 milhões de reais em dinheiro e 80 milhões em parcerias, como bolsas nas mensalidades de escolas regulares e de inglês. É um grande desafio, mas eu acredito muito que seja possível. Há pessoas interessadas em investir na educação de crianças que só precisam de uma oportunidade. Temos que trabalhar muito e pensar em novas maneiras de captar esses recursos. Nunca captamos valores tão altos antes, e isso também traz o desafio de formar uma equipe qualificada”, ressalta.
O financiamento do Instituto é 100% baseado em doações e no apoio de parceiros, como as escolas particulares que oferecem bolsas de estudo, escolas de inglês e empresas de diversos setores. Para contribuir com a instituição e ajudar a construir o futuro do Brasil, acesse o site.
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