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Espírito Santo lança projeto inédito para repovoamento do jacaré-de-papo-amarelo

Publicado em: 22/05/2025

Foto: Instituto Marcos Daniel

Uma união de esforços entre instituições públicas e privadas está dando vida a um projeto pioneiro no Espírito Santo: o repovoamento do jacaré-de-papo-amarelo (Caiman latirostris) em áreas de preservação do estado. A iniciativa, que envolve parceria técnica e científica, parte de um modelo inédito que utiliza jacarés de uma área industrial para fortalecer a população da espécie em todo o território capixaba.

O programa foi oficializado por meio de um Acordo de Cooperação Técnica e será coordenado pelo Instituto Marcos Daniel (IMD), em parceria com a ArcelorMittal, a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Seama), o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) e o Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES). O objetivo é não apenas conservar a espécie, mas também criar um modelo replicável que una ciência, educação e sustentabilidade.

A base populacional do projeto está no cinturão verde da unidade da ArcelorMittal em Tubarão, na Serra, onde vive a maior e mais saudável população de jacarés-de-papo-amarelo do estado. Os ovos desses animais serão transportados para o Parque Estadual de Itaúnas, em Conceição da Barra, onde os filhotes serão criados até completarem um ano. Depois, serão soltos na natureza, promovendo o repovoamento e reforçando a presença da espécie em áreas estratégicas.

Símbolo da Mata Atlântica e classificado como “Em perigo” na Lista Estadual de Espécies Ameaçadas de Extinção, o jacaré-de-papo-amarelo exerce um papel fundamental na manutenção do equilíbrio dos ecossistemas. O projeto terá duração de até dez anos, com ações de monitoramento ecológico, educação ambiental, formação de novos pesquisadores e atividades de engajamento da sociedade.

Foto: Leonardo Merçon

União de instituições para a proteção ambiental

Para o Gerente Geral de Sustentabilidade e Relações Institucionais da ArcelorMittal, Bernardo Enne, o projeto de conservação representa uma oportunidade de inovação e compromisso com a proteção ambiental. “A sustentabilidade é um valor na ArcelorMittal e está em nossa prática diária. Este valor é comprovado com a nossa produção responsável de aço, certificada pelo ResponsibleSteel, um programa independente e que garante uma produção de aço de acordo com princípios de sustentabilidade e respeito ao meio ambiente. E a nossa parceria com o Caiman reforça esta nossa atuação responsável. Este projeto reflete nosso compromisso com a conservação da biodiversidade e o desenvolvimento sustentável, conectando-se com nossas práticas de ESG. Além de proteger uma espécie em risco, ele exemplifica como empresas e instituições podem colaborar para a preservação de nosso patrimônio natural”, disse.

O secretário de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Felipe Rigoni, também considera a cooperação entre diferentes setores fundamental para o sucesso de iniciativas de preservação. “Temos muito orgulho de iniciar este que é um modelo extremamente inovador de sustentabilidade e proteção de espécies ameaçadas de extinção. Trata-se de um verdadeiro exemplo para o mundo. A conservação da natureza e o desenvolvimento econômico e social podem caminhar lado a lado. Estamos engajados, unindo os diferentes setores da sociedade, para impedir a extinção do jacaré-de-papo-amarelo e promover a melhora da qualidade dos ecossistemas capixabas”, disse.

O coordenador do Projeto Caiman, Yhuri Nóbrega, acrescenta que o programa é o resultado de um trabalho contínuo de pesquisa e proteção. “O uso dos jacarés do cinturão verde da ArcelorMittal como população fonte para o repovoamento demonstra como ciência e sustentabilidade podem caminhar juntas. Essa iniciativa vai além da preservação da espécie, permitindo que educação e conscientização ambiental alcancem a sociedade de forma significativa”, comentou.

“Fazer parte desse importante projeto de proteção aos jacarés do papo-amarelo é, para nós, a materialização do nosso dever constitucional de proteger o meio ambiente, garantir o direito dos animais e a biodiversidade. Nesse sentido, o Ministério Público do Estado do Espírito Santo busca cada vez mais estabelecer e fortalecer parcerias com os órgãos públicos, entidades civis e setores da iniciativa privada, por acreditar que a atuação articulada é extremamente eficaz para o alcance de resultados mais céleres à proteção ambiental. Preservar a fauna é preservar a vida”, concluiu Bruna Legora de Paula Fernandes, promotora de Justiça e Dirigente do Centro de Apoio Operacional da Defesa do Meio Ambiente do MPES.

Além das ações de conservação e educação, o projeto prevê o acompanhamento contínuo dos resultados, incluindo o crescimento da população de jacarés nas áreas de soltura e a redução da mortalidade. As atividades lideradas pelo IMD, com apoio da ArcelorMittal, também contribuem para o cumprimento de seis dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU — entre eles, educação de qualidade, ação climática e proteção da vida aquática e terrestre.

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