Foto: Ana Paula Sial
“Quantas partes não foram tiradas, fraturadas das nossas histórias?”, questiona a artista Geisa da Silva ao conceituar sua primeira exposição individual, “Fratura”. A mostra será aberta na próxima terça-feira (12), às 17h, e fica em cartaz na Galeria Homero Massena, no Centro de Vitória, até 18 de novembro.
“Fratura” usa um jogo de luz e sombra para trazer à tona o silenciamento de mulheres. A cartografia é utilizada, bem como palavras que se repetem e se cruzam, mas nem sempre são vistas a olho nu.
Depoimentos colhidos pela artista ao longo de três anos estão escritos com tinta invisível na parede da galeria. Cabe ao ocupante do espaço – como uma testemunha (da exposição e dos relatos) – escolher o que fica à mostra ou escondido, à medida que posiciona sua sombra contra a luz branca, fazendo aparecer a tinta (ativada com luz negra).
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No teto da galeria, uma sequência de cadernos em branco representa o que ainda está por dizer, e a proposta educativa convoca a produção de narrativas e sentidos presentes (ou não) na galeria.
“O silenciamento é algo que toda mulher vive, então eu necessito de falar desse silenciamento. Quem silencia as mulheres e quanto a gente contribui para silenciar mulheres? Há um silenciamento das atitudes, um silenciamento do riso, em relação ao que a mulher sente também. As mulheres convivem com o silenciamento diário em nossa sociedade”, afirma a artista.
A montagem da exposição, em si, já anunciou que a galeria será espaço de acolhimento e de fraturas. Durante o processo, nove mulheres, incluindo a artista e as arte-educadoras Adriana Magro e Jordana Rosa, escreveram nas paredes da galeria os depoimentos que Geisa colheu desde seu projeto Mapa da Violência Contra a Mulher, realizado em 2019.
(Foto: Ana Paula Sial)
“As pessoas estavam escrevendo relatos na parede da galeria, relatos de assédios. Dez mulheres estavam ali escrevendo e montando uma exposição com esses relatos. Elas estavam se acolhendo, era um momento muito bonito e emocionante. Todas as mulheres ali, em alguma medida, já tinham sofrido assédio, e elas estavam se fortalecendo juntas. Foi incrível ver essa energia de acolhimento e formar uma rede de apoio caso alguém precise”, diz uma das participantes, que prefere não se identificar.
Para a coordenadora da Galeria Homero Massena, Ivone Carvalho, é uma alegria receber a exposição, contemplada pelo edital de Artes Visuais da Secretaria da Cultura (Secult) e realizada com recursos do Fundo de Cultura do Estado do Espírito Santo (Funcultura). “Uma exposição com mulheres tão potentes fortalece o espaço da galeria como de acolhimento para elas. Vamos receber com carinho quem vier, estamos muito empolgadas com essa sequência de exposições empoderadoras, emocionantes e belas”, ressalta.
A curadoria da exposição ficou por conta da professora universitária e artista Adriana Magro, que buscou um caminho poético para a consolidação da proposta. Ela trabalhou, também, a proposta educativa para receber os estudantes. São estratégias de mediação que buscam inserir o espectador na exposição, produzindo as próprias narrativas, com apoio inclusive de um material educativo interativo que cada um pode montar. “Trabalhamos com processos de significação. Então deixamos o espectador e a espectadora sentirem o que a exposição traz para que possa elaborar seus próprios sentidos”, observa.
(Foto: Ana Paula Sial)
Abertura da exposição “Fratura”
De Geisa da Silva
Abertura: 12/09 (terça-feira)
Horário: às 17h
Local: Galeria Homero Massena, Rua Pedro Palácios, 99, Cidade Alta, Centro de Vitória
Visitação: até 18/11
Segunda, terça, quinta e sexta, das 9h às 18 horas; quarta, das 10h às 20h; sábado e feriado, das 10h às 16h
Entrada gratuita
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