Texto por: Gabriel Harchbart
O Brasil enfrenta um cenário econômico desafiador: inflação em alta, juros que encarecem o crédito e um dólar volátil pressionando custos de insumos e importações. Em momentos assim, a sobrevivência empresarial exige mais do que resiliência – exige liderança estratégica e uma capacidade de adaptação implacável.
As regras do jogo mudaram. Este não é o momento para improvisos ou soluções paliativas. É a hora de CEOs, fundadores e gestores comerciais tomarem as rédeas e reinventarem suas abordagens. O mercado não perdoa a inércia.
Manter os clientes atuais é mais barato e eficiente do que conquistar novos. Empresas como a Starbucks, durante a crise de 2008, focaram em fortalecer o relacionamento com seus consumidores. A rede investiu em treinamento de funcionários e na qualidade da experiência em suas lojas, fidelizando clientes e preparando o terreno para a recuperação.
Da mesma forma, negócios que utilizam plataformas digitais, como aplicativos de delivery, têm mostrado que investir na proximidade com o cliente é fundamental. Ouvir o consumidor, entender suas necessidades e agir rapidamente para atendê-las pode garantir que sua base de clientes continue ao seu lado.
A crise frequentemente força empresas a reverem seus preços, mas isso deve ser feito com inteligência. Reduzir valores sem um plano pode desvalorizar a marca e comprometer margens. A Netflix, durante a pandemia, optou por manter seus preços enquanto ampliava seu portfólio de conteúdos, garantindo que os assinantes percebessem um aumento no valor entregue.
Ajustes de preço devem ser acompanhados de uma narrativa forte que explique o valor agregado ao cliente. Criar pacotes ou opções que equilibrem custo e benefício pode atrair consumidores sem comprometer a saúde financeira da empresa.
Crises são momentos de mudança nas prioridades dos consumidores. O iFood, durante a pandemia, diversificou suas entregas para incluir supermercados e farmácias, respondendo diretamente às novas demandas. A LEGO, enfrentando dificuldades no início dos anos 2000, ajustou sua estratégia para atender adultos e famílias, trazendo relevância para seus produtos.
Revisitar o portfólio e identificar oportunidades de reposicionamento é crucial para atender às novas necessidades do mercado. Ajustar a comunicação do produto e investir em inovação garantem que sua oferta permaneça alinhada às expectativas dos consumidores.
Empresas que se destacam em crises frequentemente são aquelas que inovam. A Netflix abandonou o modelo de DVDs para focar no streaming durante a crise de 2008, transformando uma ameaça em uma oportunidade que revolucionou o mercado.
Inovar não significa criar algo completamente novo, mas adaptar-se rapidamente às mudanças. Testar novos formatos de entrega, ajustar processos e ouvir constantemente o feedback do cliente são passos essenciais para transformar desafios em vantagens competitivas.
A liderança é o elemento central para atravessar crises. Howard Schultz, ao retornar à Starbucks em um momento crítico, tomou decisões ousadas, como fechar lojas deficitárias e investir no treinamento de equipe, redefinindo o foco da empresa em qualidade e consistência.
Crises são momentos para líderes assumirem a responsabilidade, comunicarem-se com clareza e tomarem decisões firmes, mesmo que impopulares. A combinação de disciplina e criatividade é o que separa gestores comuns de líderes transformadores.
Superar crises exige flexibilidade, ação rápida e liderança corajosa. Reter clientes, ajustar preços com inteligência, reposicionar produtos e inovar não são apenas estratégias – são imperativos para empresas que desejam prosperar em tempos difíceis. Não é mais sobre sobreviver; é sobre liderar e moldar o futuro.