Quando Donald Trump iniciou uma série de tarifas sobre produtos importados, muitos enxergaram apenas uma disputa política e comercial. Mas, para gestores atentos, aquele momento foi um marco: um aviso direto sobre como decisões políticas externas podem afetar profundamente a saúde e a estratégia de qualquer negócio — do pequeno varejista ao CEO de uma multinacional.
Em um mundo interconectado, os riscos deixaram de ser locais. Hoje, empresas brasileiras que importam peças da Ásia, operam com matéria-prima internacional ou simplesmente dependem de plataformas globais, estão expostas a fatores que vão muito além do que acontece no seu bairro, cidade ou estado.
E o alerta não ficou no passado. As tarifas impostas por Trump não se restringem apenas à China. Ainda em seu primeiro mandato, países como o Brasil já haviam sido impactados — como no caso das sobretaxas sobre o aço e o alumínio em 2020. Agora, em seu segundo mandato, o presidente Donald Trump já anunciou a aplicação de uma tarifa universal de 10% sobre todas as importações. A proposta, com forte viés protecionista, reacende alertas para empresas de todo o mundo — inclusive brasileiras — que operam em cadeias globais ou dependem de insumos importados.
A gestão de riscos — antes tratada como um tema de compliance ou de grandes corporações — passou a ser central para a sobrevivência e o crescimento de qualquer empresa.
As tarifas criaram uma elevação brusca nos custos de importação, obrigando empresas a buscarem alternativas. A Apple acelerou a diversificação de sua cadeia de produção para Índia e Vietnã. A Tesla reformulou sua logística e produção para depender menos da Ásia. Gigantes do varejo, como Walmart e Target, renegociaram contratos e adaptaram suas operações.
Empresas que já operavam com planos de contingência conseguiram proteger suas margens e reagir com velocidade. Outras, pegas de surpresa, viram seus custos explodirem e sua competitividade desaparecer.
Tudo.
Empresas do Espírito Santo, sejam industriais, varejistas ou prestadoras de serviço, também estão expostas a riscos globais. E esses riscos não precisam vir apenas de Washington ou Pequim. Podem vir de Brasília, da Europa ou de qualquer oscilação que afete cadeias logísticas, matéria-prima, juros, energia ou mesmo normas ambientais.
Um fornecedor que atrasa, uma enchente que interrompe a operação, uma crise cambial que muda o custo de um insumo — tudo isso precisa estar no radar do gestor moderno.
No Espírito Santo, empresas como a ArcelorMittal, que operam em mercados globais, trabalham com gestão de riscos como rotina. No varejo, grupos como o Extrabom e operadoras como a Unimed Vitória mostraram capacidade de adaptação durante a pandemia — antecipando demandas, redesenhando rotinas e cuidando da sustentabilidade do negócio.
Aqui vão sugestões práticas para estruturar a gestão de riscos na sua empresa:
Gestão de riscos não é sobre evitar crises, mas sobre saber enfrentá-las. Em um mundo onde tarifas são aplicadas sem aviso, cadeias de suprimento travam por decisões externas e a volatilidade é regra, os líderes mais preparados não são os que sabem tudo — mas os que se antecipam, protegem e adaptam com velocidade.
Porque, no fim do dia, não se trata de evitar a tempestade. Trata-se de saber navegar por ela.