Foto: Rodrigo Portugal
Quais são as mudanças que o país obteve após 64 anos do aclamado Quarto de Despejo: Diário de uma favelada? Será que podemos nos voltar para a Carolina Maria de Jesus de 1960 e lhe dizer que seus lamentos hoje não fazem parte do cotidiano de tantas mulheres negras brasileiras?
As palavras profundas de Carolina Maria de Jesus ainda ressoam como chicote nos dias de hoje. No espetáculo Feita de Papel, a companhia teatral Mais um ponto mais um conto revisita o diário que ainda representa o Brasil profundo. O Brasil castigado pelo racismo estrutural e opressor da mulher negra brasileira.
Na história, Carolina Maria de Jesus e Eliane Correia, atriz do espetáculo, mergulham no paralelo que permeia a existência das duas. Desafios, desejos, lamentos, triunfos, são colocados em paralelo para serem confrontados na realidade do palco.
“Não é um desafio simples. Vou reviver Carolina e eu mesma no palco. Um fio do tempo de uma das mulheres mais extraordinárias deste país, e eu, atriz, negra, que venho seguindo os avanços intangíveis da minha própria existência, assim como Carolina. É uma fusão e um reflexo. Ela e eu. O Brasil de Carolina e o meu Brasil através da poesia que fala da nossa existência diária. Um desafio que eu amei vivenciar. Feita de papel é uma experiência que vai tocar a alma dos espectadores”, afirma Eliane.
O desafio é realmente grande, afinal Carolina narra em seu Diário – traduzido para dezesseis idiomas e distribuído para mais de quarenta países – o cotidiano trágico dos moradores da Favela do Canindé. Seu texto é um marco na escrita brasileira por revelar, em primeira pessoa, como conseguiu ser resiliente através da escrita e da educação, como descreve em um de seus pensamentos: “Quem não tem amigo, mas têm um livro, tem uma estrada.”
A companhia guaçuiense vem sonhando com o Feita de Papel há seis anos e trabalhando no processo desde a pandemia. E a ideia de fundir os feitos de Carolina com o universo de Eliane, partiu da inspiração de Gilvan Balbino, amigo da atriz e pesquisador da obra de Carolina, quando comparou a história de garra, persistência e vivência das duas mulheres.’
Feita de Papel não vai responder o que mudou de lá para cá. Mas vai expor que até hoje, as mulheres “desafiam estereótipos e assumem papéis múltiplos para sobreviver, e acima de tudo, para inspirar”, conforme descrito na sinopse do espetáculo.
A montagem foi realizada por meio de incentivo do FUNCULTURA- Secretaria de Estado da Cultura- SECULT, através do EDITAL nº10/2022- LINHA 1- Projetos de Teatro: Criação e montagem de espetáculos teatrais, circulação de espetáculos e projetos livres em diferentes formatos.
28/06 (sexta)
às 19h – Ensaio Aberto e Palestra – Guaçuí
29/06 (sábado)
às 20h – Estreia SECULT- Guaçuí
30/06- (domingo)
às 20h – Apresentação pelo Edital Municipal Jhonny Machado – Guaçuí
Sempre no Teatro Municipal Fernando Torres, com entrada franca.
A apresentação contará com tradução simultânea em libras, óculos para portadores de fotofobia e abafadores de ruídos como recursos de acessibilidade.
Informações: (28) 99977-1182 | (28) 99977-7261 | @maisumpontomaisumconto
Ficha Técnica
Texto e Direção: Gilvan Balbino
Atriz: Eliane Correia
Sonoplastia: Gui Vieira e Wandré Luiz
Iluminação: João Batista de Moraes e Matheus Soares
Cenografia: João Batista de Moraes
Figurinos: Caio Pereira
Intérprete de Libras: Danni Lino
Concepção de Arte: Felipe Gomes
Fotos: Rodrigo Portugal
Assessoria de Imprensa: Taynara Barreto