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Mais Conexão Humana, Menos Tecnologia, as reflexões do SXSW 2025

Publicado em: 26/03/2025

O SXSW (South by Southwest) é um dos maiores festivais de inovação, criatividade e tecnologia do mundo. Realizado anualmente em Austin, no Texas, o evento reúne milhares de pessoas entre os dias 7 e 15 de março, transformando a cidade em um verdadeiro laboratório de futuros possíveis. Mais do que uma conferência, o SXSW é um encontro multidisciplinar que conecta profissionais de tecnologia, marketing, entretenimento, saúde, sustentabilidade, ciência e negócios. O objetivo é claro: debater tendências, provocar novos olhares e antecipar o que vem por aí. O público? Uma mistura vibrante de executivos, criadores, empreendedores, acadêmicos, investidores e visionários que compartilham uma inquietação comum — a vontade de construir o novo.

A cada ano, o festival revela sinais importantes sobre o rumo das transformações sociais e tecnológicas. E em 2025, o que emergiu com força foi a busca por um equilíbrio entre inovação e humanidade. A partir das provocações, insights e vivências compartilhadas por colegas e especialistas que estiveram presencialmente no evento, reuni aqui uma curadoria das principais ideias que ajudam a entender o momento que vivemos — e para onde estamos indo.

O que se viu em Austin foi uma inflexão importante: a tecnologia segue avançando a passos largos, mas o que realmente ganhou destaque foram os valores humanos fundamentais. Autenticidade, conexão real, sustentabilidade regenerativa e bem-estar coletivo passaram a ocupar o centro da conversa. Não se trata mais apenas de criar sistemas eficientes, mas de garantir que essas soluções sejam, de fato, relevantes e respeitosas com quem está do outro lado da tela.

Amy Webb, uma das grandes referências do evento, trouxe o conceito de Living Intelligence — ou Inteligência Viva — que integra IA, biotecnologia e sensores para criar sistemas capazes de aprender, evoluir e interagir de forma quase orgânica. A provocação não é técnica, é filosófica: não basta pensar no que a IA pode fazer, mas sim no que queremos, como humanidade, construir com ela. Isso reforça a importância do planejamento estratégico em um cenário onde a única constante é a mudança acelerada.

Outro tema de forte impacto foi a epidemia da solidão, reconhecida como uma questão de saúde pública. É irônico: criamos tecnologias para conectar, mas nos vemos cada vez mais isolados. Essa desconexão tem impactos profundos na saúde mental, na produtividade e nos vínculos sociais. Empresas que entenderem esse desafio e desenharem experiências mais humanas e empáticas terão vantagem competitiva real.

A computação quântica também teve seus holofotes. O chip Willow, do Google, já realiza cálculos impossíveis para os supercomputadores atuais, sinalizando que estamos perto de uma revolução silenciosa em áreas como medicina, energia e segurança digital. Enquanto isso, startups como a Colossal discutem a de-extinção de espécies como o mamute lanoso e o dodo, reacendendo o debate sobre os limites (ou a ausência deles) da biotecnologia.

Em paralelo, o mercado segue sendo redesenhado por novas formas de consumo e descoberta. A ascensão das comunidades digitais, o crescimento do conteúdo feito por criadores independentes e o fortalecimento de plataformas como TikTok e YouTube como motores de recomendação mostram que o marketing está menos nas mãos de algoritmos e mais nas mãos de pessoas reais. As marcas que entenderem esse novo papel — e dialogarem com ele de forma autêntica — se destacarão.

Também chamou atenção o movimento do “phygital”, onde experiências físicas e digitais se fundem. Marcas estão lançando coleções digitais antes das versões físicas, reduzindo impacto ambiental e aumentando exclusividade. E o conceito de sustentabilidade também evoluiu: o que era preservação passou a ser regeneração. Tecnologias que restauram ecossistemas, ingredientes cultivados em laboratório, embalagens biodegradáveis e cidades projetadas com inteligência para serem resilientes e eficientes. Não é mais sobre manter o que temos, mas reconstruir melhor.

O SXSW 2025 mostrou que o futuro será construído por quem conseguir equilibrar três forças indissociáveis: tecnologia inovadora, sustentabilidade regenerativa e conexão humana autêntica. A inovação, sozinha, não basta. É a combinação dessas dimensões que permitirá às empresas e aos líderes navegar em um mundo em constante transformação — com mais propósito, mais impacto e, principalmente, mais humanidade.

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