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O profissional de gestão de tecnologia nas empresas desempenha um papel essencial na condução da estratégia digital e na sustentação das operações. No entanto, há uma divisão clara entre dois perfis distintos dentro desse universo: o profissional de Modo 1, focado em “Run the Business” (“manter o negócio funcionando”), e o profissional de Modo 2, voltado para “Transform the Business” (“transformar o negócio”). Essa dualidade reflete a abordagem Bimodal IT (“TI bimodal”), um conceito popularizado pelo Gartner, que diferencia a gestão tradicional e confiável da inovação ágil e experimental.
O profissional Modo 1 é o maratonista da tecnologia. Ele opera com previsibilidade, eficiência e confiabilidade, garantindo que os sistemas corporativos funcionem sem falhas e que a infraestrutura de TI esteja sempre disponível. Esse perfil é ideal para áreas onde a estabilidade e a segurança são fundamentais, como a gestão de data centers, segurança da informação e sistemas críticos de ERP (“planejamento dos recursos da empresa”). Ele segue metodologias tradicionais, como o Waterfall (“cascata”) e V-Model (“modelo em V”), com processos bem estruturados e ciclos longos de desenvolvimento. Seu foco é otimizar custos, melhorar processos e minimizar riscos. Esse profissional geralmente se relaciona mais com fornecedores estabelecidos e adota práticas rígidas de governança, priorizando contratos de longo prazo e compliance (“conformidade”) rigoroso.
Por outro lado, o profissional Modo 2 é o sprinter, aquele que corre rápido e assume riscos calculados para impulsionar a transformação digital. Ele está diretamente ligado à inovação, experimentação e à busca por soluções tecnológicas que diferenciem a empresa no mercado. Trabalha com metodologias ágeis, como Scrum (“reunião diária de acompanhamento ágil”), Kanban (“quadro de tarefas visuais”) e Lean Startup (“startup enxuta”), e está habituado a ciclos curtos de entrega, permitindo respostas rápidas às mudanças do mercado. Sua atuação é voltada para projetos estratégicos e disruptivos, como inteligência artificial, automação de processos e experiência do cliente. Diferente do profissional Modo 1, ele lida com startups, fornecedores emergentes e contratos flexíveis, criando um ecossistema de inovação mais dinâmico.
Essa diferença de perfis não significa que um é melhor que o outro. Pelo contrário, ambos são essenciais para o sucesso das empresas no mundo digital. Enquanto o profissional Modo 1 garante a solidez operacional, o profissional Modo 2 impulsiona a transformação e a adaptação ao futuro. Empresas que conseguem equilibrar esses dois perfis em suas equipes de tecnologia criam um ambiente robusto e inovador ao mesmo tempo, permitindo crescimento sustentável e competitividade em um mercado cada vez mais digital.
A grande questão para os líderes de TI e CIOs (“diretores de tecnologia”) é como integrar esses dois mundos sem criar conflitos internos. Muitas empresas têm adotado estruturas híbridas, onde times de Modo 1 e Modo 2 coexistem e colaboram, garantindo que a operação tradicional sustente as iniciativas inovadoras. Nesse contexto, a habilidade de transitar entre os dois modos se torna um grande diferencial para os profissionais de tecnologia. O futuro da TI corporativa não está em escolher entre um perfil ou outro, mas em construir uma estratégia que combine o melhor dos dois, permitindo uma gestão eficiente e inovadora ao mesmo tempo.