Nanocafeicultor conta como é a vida de cafeicultores no Espírito Santo | Orgulho Capixaba
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Nanocafeicultor conta como é a vida de cafeicultores no Espírito Santo

Publicado em: 25/06/2024

Fotos: Arquivo Pessoal

Aos 28 anos, Maycon Cardozo, mais conhecido como Nanocafeicultor, representa a nova geração de agricultores que, graças à tecnologia, está transformando a cafeicultura em uma atividade mais lucrativa e menos árdua do que em tempos passados.

Em Brejetuba, onde a economia é quase inteiramente baseada no café, a cafeicultura é tradição na cidade e parte essencial da vida comunitária. Tanto é que o município recebeu o título de capital estadual e carrega o título do maior .

“Desde que eu nasci estou na cafeicultura. Meus bisavós eram cafeicultores, meus avós, meus pais e, agora, eu”, conta.

Apesar dessa herança, Maycon inicialmente sonhava em deixar o campo. “Eu tinha muita vontade de sair da roça. Há um tempo atrás, morar na roça era muito difícil. Então, meu sonho era estudar bastante, fazer uma faculdade e sair da roça”, relembra. Foi assim que ele começou a cursar faculdade em Vitória. No entanto, sua perspectiva mudou radicalmente quando percebeu que, enquanto as profissões urbanas estavam saturadas e ofereciam remunerações abaixo do ideal, o campo apresentava oportunidades mais lucrativas.

“Eu olhei para o campo e vi as pessoas envelhecendo e as profissões acabando. Percebi o quanto se ganhava na cidade e quanto se ganhava no campo. Na roça, é bem mais lucrativo”, explica.

“É um tiro no escuro. A gente planta o café, são dois anos para colher”, comenta o Nanocafeicultor sobre os possíveis problemas que podem acometer a lavoura | Foto: Arquivo Pessoal

Outro ponto positivo da roça é a flexibilidade do trabalho. “Hoje dificilmente alguém pega 7h no serviço”, destaca. E para aqueles que prestam serviço, as relações de trabalho são bem mais tranquilas e com melhores condições. “Se você fala alguma coisa com o peão, ele não volta mais para trabalhar”, conta. Diferente da cidade grande, na qual os profissionais são substituíveis facilmente, a mão de obra fez o trabalhador ser valorizado.

Hoje, Maycon é proprietário de sua própria lavoura. Leva uma vida tranquila e mais saudável que na cidade, em virtude das tecnologias que otimizam drasticamente a produção. “A roçadeira faz o trabalho que cinco pessoas faziam para capinar há 20 anos”, exemplifica. Outro fator que alavancou a plantação foram os investimentos em pesquisas que resultaram em produtos menos prejudiciais para o solo e auxiliaram na adubagem do solo.

Tudo isso transformou o trabalho árduo de seus antecessores em atividades eficientes e menos desgastantes. Além disso, Maycon conta que as mulheres vêm se destacando na área rural e a desigualdade salarial fica para trás.

Inspirando a nova geração

Além de cafeicultor, Maycon também acabou se tornando influenciador digital, compartilhando sua experiência com um público e inspirando outros jovens a reconsiderarem o trabalho no campo. Ele conta que tudo começou com um vídeo na lavoura que viralizou. Com a chegada dos seguidores, se viu na obrigação de publicar mais vídeos para entreter o público e inspirar a próxima geração de cafeicultores.

“Nós não podemos deixar a cafeicultura envelhecer. Imagina se a cafeicultura encerra na geração dos meus pais? A gente não ia ter um cafezinho bom para beber”, comenta.

Para o Nanocafeicultor, produzir vídeos também passou a ser uma forma de levar um pedacinho do campo para as pessoas, evidenciar a rotina mais pacífica, as belezas da natureza e a qualidade de vida também.

Contudo, Maycon reforça a importância do conhecimento, principalmente o ensino fundamental e médio, que são a base para o cidadão brasileiro. Ter conhecimento abre portas em qualquer lugar, seja no meio urbano ou rural.

Maycon conta que criou o nome Nanocafeicultor porque sua produção é menor do que os micro e pequenos produtores. Ainda assim, tem sua própria propriedade na qual vive com sua esposa e sua filha.

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