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O despertar para uma vida regada a muita endorfina

Publicado em: 07/02/2025

Texto por: Matheus Thebaldi

Há quem não goste ou não se adapte, mas só quem se enche de endorfina contemplando o nascer do sol entende o porquê acordar no fim da madrugada para praticar atividade física. Além dos notórios benefícios à saúde, o período é de menor temperatura e não compromete a rotina, seja de trabalho, família ou qualquer compromisso.

Inegociável
A administradora Patrícia Cabral, de 42 anos, “cai” da cama por volta das 5 horas para cumprir sua planilha de treinos de corrida. “Poderia dormir mais um pouco, ou dizer que minha rotina é cansativa e que não caberia espaço para os treinos, mas a verdade é que sempre cabe. O famoso ‘A gente nunca se arrepende de ter ido se exercitar’. Sensação desse dever cumprido e o bem estar físico e mental que proporcionam é inegociável. Não sinto dificuldade, mas sempre fui uma pessoa diurna. É o horário que meu corpo reage melhor e que se encaixa mais fácil na minha rotina. O trabalho rende mais, e o humor fica em dia”.

Patrícia Cabral. Foto: Divulgação,

Movimento
A servidora pública Selene Vicentini, de 38 anos, faz de tudo um pouco para manter o corpo em movimento. “Faço aulas de beach tennis há três anos, mas adoro fazer outros esportes como corrida, bike, futevôlei e canoa havaiana. Por estar sempre nessa frequência de me movimentar, o meu dia inicia bem cedinho, apreciando o nascer do sol, e, em seguida, já coloco uma roupa de treino e vou fazer alguma atividade física. Tem coisa melhor?! Além de me dar mais disposição para trabalhar e cumprir com as minhas tarefas do dia, treinar me traz bem-estar, alivia o estresse da correria do dia, me faz alimentar melhor e durmo com mais qualidade. E como não se sentir bem tendo saúde e disposição para viver, né?! Isso é o que a atividade física nos beneficia!”.

Selene Vicentini. Foto: Divulgação.

Exemplo
O professor e empresário Marcelo de Oliveira, de 48 anos, há muitos anos tem o hábito de realizar minhas atividades físicas pela manhã, e, desde 2022, participa de três maratonas por ano. “Os ciclos de treinamento para maratonas são intensos e exigem disciplina, então, para conciliar essa rotina com minhas responsabilidades familiares e profissionais, acordo diariamente às 4h30. Começo meus treinos às 5h e sigo até 6h30, pois preciso deixar meus filhos na escola antes de seguir para o trabalho. Essa organização me permite manter o equilíbrio entre minha vida esportiva, familiar e profissional”, disse o atleta, que deseja passar esse exemplo para os dois filhos, Pietro e Kaylon: “Temos que ser exemplo e motivação para nossos filhos, e isso me enche de orgulho. Meus filhos já dizem que, quando crescerem, querem ser maratonistas, e faço questão de incentivá-los desde cedo”.

Marcelo de Oliveira. Foto: Divulgação.

Sonho de corrida
O empresário João Pedro Forlani, do perfil “Um Sonho de Corrida” no Instagram, tem uma rotina bem flexível, mas, sempre que possível, gosta de correr de manhã. “A corrida matinal tem algo especial, é como começar o dia com uma vitória pessoal, antes mesmo de o mundo acordar de verdade. Não é só sobre o treino em si, mas sobre o ritual: amarrar o tênis, sentir o ar, ouvir o som da cidade ainda adormecida. Claro, nem todos os dias são fáceis, especialmente quando o despertador toca cedo, mas é justamente nesses momentos que a disciplina precisa falar mais alto do que a motivação. E, no final, a sensação de dever cumprido compensa cada minuto”.

João Pedro Forlani. Foto: Divulgação.

Inspiração para muitos de seus mais de 64 mil seguidores, João destaca a sensação de gratidão e responsabilidade. “Quando comecei a compartilhar minha jornada, não imaginava o impacto que isso poderia ter na vida de outras pessoas. Ver relatos de gente que começou a correr, que superou desafios ou que encontrou na corrida uma forma de transformação pessoal por causa de algo que compartilhei é emocionante. Isso me lembra o poder das conexões humanas, mesmo à distância. No final das contas, somos todos corredores lidando com nossos próprios quilômetros”.

Para finalizar esta coluna, deixo aqui um spoiler enviado pelo próprio João do livro que está no forno para sair:

“Nasci em 1986 e cresci no interior de São Paulo, numa época em que brincar significava correr pelo asfalto quente das ruas do meu bairro, atrás de bola, de pipa, no pique-esconde, ou simplesmente para ver quem chegava primeiro, não importa, alegria de criança é correr. Nossas brincadeiras eram cheias de desafios. Pulávamos obstáculos imaginários, driblávamos carros estacionados e, certa vez, até organizamos uma olimpíada com várias modalidades, medalha e premiação. Aquilo era um assunto sério para nós. Porém, com o passar dos anos, a paixão por qualquer atividade física foi adormecendo em mim. As responsabilidades da vida adulta consumiam todo o meu tempo livre, e a adrenalina de correr pelas ruas foi gradualmente substituída por prazos e tarefas da faculdade e do trabalho, sufocando de vez as atividades que antes me traziam alegria. Correr se tornou uma lembrança distante, que só seria redescoberta em 2011, aos 25 anos. Naquela época, decidi voltar a praticar corrida para perder peso e melhorar no surfe, que havia começado a fazer um pouco antes, após apresentar um quadro de sobrepeso, esteatose hepática e alteração da pressão arterial, danos provocados pelo sedentarismo. Me lembro com clareza da manhã em que amarrei meus tênis de corrida pela primeira vez, com a empolgação disputando espaço com a ansiedade de estar prestes a viver algo novo. Também me recordo da sensação das pernas queimando e da dificuldade para respirar — não recomendo —, e do sacrifício para completar, pela primeira vez, os três quilômetros de ida e volta da porta de casa até a Lagoa da Jansen, em São Luís–MA, onde morei por 10 anos. Naquela época, acordar para correr de madrugada, em dias alternados, era o ato mais revolucionário da minha vida. Me sentia um radical!”
(João Pedro Forlani).

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