Fundador da LECAR, Flávio ficou conhecido por ser Elon Musk brasileiro por vender sua participação na LeCard e investir na primeira montadora de carros elétricos 100% brasileira.
Nascido em Guaçuí, Flávio Assis, mais conhecido como Elon Musk brasileiro, veio para Vitória com 5 anos e aos 15 já estava trabalhando no Banco Real. Ele conta que o primeiro setor a receber um computador na época – em meados de 1990 – foi o escritório de contabilidade. Muito esperto, percebeu que deveria ficar perto da novidade e acompanhar a tecnologia. Não demorou para ser transferido para o departamento de contabilidade. Hoje é um dos sócios proprietários da Financial Contabilidade, escritório de referência de contabilidade em incentivos fiscais no estado.
Em 2013, fundou a LeCard, empresa de cartão de alimentação que hoje é administradora de vários benefícios e atua nos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal, tendo uma movimentação anual de R$ 1 bilhão.
Flávio podia viver a vida “sossegado”. Mas, como bom visionário, viu no mercado automobilístico uma chance de trazer inovação para o Brasil. Após estudos, percebeu que o futuro é sustentável. Com os altos índices de emissões de CO₂ e as mudanças climáticas, o empresário afirma que em breve não haverá carros a combustão nas ruas e as leis já estão mudando.
Além disso, o empresário comenta que o carro por si só já gera menos impacto ambiental. Um carro a combustão de 1700 partes a mais; troca 900l de óleo de motor ao rodar 1 milhão e meio de quilômetro; o catalisador – que não tem no carro elétrico – tem prazo indeterminado de degradação na natureza e ainda é tóxico.
Então, com coragem e tendo o meio ambiente como norte, vendeu sua participação na LeCard e fundou, em 2022, a empresa que promete revolucionar o mercado automobilístico do Brasil: a LECAR.
“Eu sempre trabalhei buscando oportunidades de fazer algo incrível com essa experiência humana que a gente tem. Se é algo que beneficia as pessoas, que beneficia o planeta, eu sou apaixonado mais ainda. Então, vi a possibilidade de estar impactando as pessoas e o planeta de forma positiva”, afirma Flávio.
É um modelo de visual excêntrico que nasceu como um sedã elétrico, mas, segundo a própria empresa, será posicionado como uma espécie de “sedã SUV cupê”. O desenho do carro ficou por conta de Romis do Carmo, designer e ilustrador de Vitória–ES. É a primeira vez que o designer trabalha no projeto de um automóvel.
Segundo Flávio, a inspiração para os esboços veio da fauna. “O Romis diz que carro é bicho, é Jaguar, é Cobra, é Mustang”, comenta.
Com autonomia estimada em 400 km, o Model 459 foi adaptado às condições climáticas brasileiras. Feita de Sheet Moulding Compound (SMC), o mesmo material tecnológico, resistente e flexível usado em carros de Fórmula 1, o SMC é mais leve, cinco vezes mais forte que o aço, sendo o material usado por grandes marcas na construção de seus automóveis (como a Ferrari e a Porsche).
Além de ser um material mais leve e eficiente de ser industrializado, a carroceria fabricada em SMC ainda representa um ganho ecológico: “O SMC pode ser naturalmente fabricado nas cores preto e branco. Porém, o comprador pode optar por receber o carro plotado na cor que desejar. Assim, eliminamos o uso da tinta, que gera uma grande quantidade de resíduos químicos e consome mais energia na aplicação”, completa Flávio.
O automóvel estará disponível para venda já em dezembro de 2024 pelo valor de R$ 279 mil. Mas, o objetivo é que o preço chegue a R$ 100 mil, por meio de fornecedores locais, melhores condições fiscais e eficiência de produção. Não à toa, a LECAR está buscando instalar em Linhares, uma linha de montagem do seu elétrico popular para baratear os custos.
“O Espírito Santo é um local maravilhoso para negócios. Eu rodo o mundo e garanto que o estado tem um ambiente privilegiado de inovação”, afirma.
Além dos benefícios econômicos, Flávio diz que é um orgulho poder tornar seu estado e país protagonista internacional.
“O mundo já começou a conhecer a expressão capixaba”, comentou.
Atualmente, a LECAR está sediada em Alphaville, São Paulo, com uma planta industrial em Caxias do Sul – Rio Grande do Sul.