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Passado, presente e futuro no topo das ondas de Neymara Carvalho

Publicado em: 14/03/2025

Crédito: Cbrasb-confederação

“Se o pensamento é positivo, a maré é sempre boa”. É nessa “onda” que a capixaba Neymara Carvalho, multicampeã de bodyboarding, continua surfando com excelência. Pentacampeã mundial da modalidade, a atleta não pensa em aposentadoria e se orgulha de ver a filha, Luna Hardman – bicampeã mundial Pro Junior -, trilhando os mesmos passos de sucesso.

Foto Luna. Crédito Jade Reeves

“Eu não consigo pendurar (a prancha). A aposentadoria não passa pela minha cabeça tão cedo. Fiz, inclusive, um tour de despedida. Eu já tinha os cinco títulos mundiais, já tinha me estabelecido muito como atleta consagrada e eu estava meio que sem objetivo, sabe? Depois, ingressei numa eleição estadual, entrei para a administração municipal de Vila Velha – como subsecretária de turismo -, fiz parte de conselhos estaduais do turismo e conselho municipal e cheguei a trabalhar na Assembleia. Depois, eu retornei para o esporte 100%”, contou a atleta.

A multicampeã reforça que o bodyboarding é, desde novinha, a sua profissão, por meio do qual se estabeleceu profissionalmente e se consagrou. “Tem anos que eu estou bem empregada, patrocinada. A minha maior motivação é encarar como trabalho”.

A inspiração vai além de toda sua história e sua bagagem na modalidade. Hoje, ela também se inspira na evolução de Luna, que, aos 19 anos, iniciou a temporada 2025 disputando exclusivamente a categoria Profissional do Circuito Mundial, aparecendo como um dos grandes nomes da nova geração do bodyboarding, atual número 5 do ranking mundial Profissional da IBC (International Bodyboarding Corporation).

O Pipeline Bodyboarding Championship, disputado na ilha de Oahu, no início de março, marcou a estreia de Luna Hardman no Havaí. Em sua primeira competição enfrentando uma das mais perigosas ondas do mundo, em Pipeline, a capixaba terminou em quinto lugar na categoria Profissional Feminina. Foram dias de muito treino, experiência e disputa para a bicampeã mundial Pro Junior. Agora, Luna volta ao Brasil para um período de treinamento no Espírito Santo, com foco já na segunda etapa do Circuito Mundial de Bodyboarding, em maio, no Chile.

crédito: Taghazout Bay World Bodyboard / IBC

“É uma grande motivação ter a minha filha competindo e eu poder estar inserindo-a nos grandes eventos mundiais, nas melhores ondas pelo mundo. Esse é um momento que eu não sonhei na minha vida e está sendo incrível, e com isso eu posso prolongar realmente a minha carreira, a minha estada e os meus treinamentos para estar em alto nível competitivo”, contou Neymara.

É muito orgulho, e ela faz questão de reforçar: ” Eu fico muito orgulhosa, babona mesmo. Esse momento da Luna seguindo os meus passos eu realmente não sonhei dentro do esporte. Eu sonhei ser campeã mundial, eu sonhei, depois que eu conquistei o primeiro título, eu queria mais, né? E eu sonhei visitar lugares que eu consegui visitar, eu sonhei aprender outras línguas e eu consegui. Eu sonhei em ter o Instituto Neymara Carvalho e eu realizei. Eu sonhei em levar uma etapa do Circuito Mundial pro Espírito Santo e eu consegui. Então, assim, só que isso aí foi uma surpresa. Eu falo que é um presente de Deus na minha vida. Eu olho pra Luna e fico relembrando, assim, alguns momentos meus lá no começo. E é incrível reviver através dela a minha própria história”.

Crédito: Cbrasb-confederação

E como é encarar a própria filha como adversária nas ondas? Ela não titubeou: “A minha maior dificuldade hoje no esporte é olhar para o lado e tê-la como adversária. Mas eu estou trabalhando nisso, e o lado mãe vai aprender a, na bateria, encará-la como adversária, porque eu ainda estou em alto nível competitivo e eu quero ensinar para ela que o esporte, se ela quiser ser uma verdadeira campeã, ela também tem que passar por cima da mãe. E ela tá conseguindo, tá? Eu te falo que ela tem uma escola muito boa. Eu, desde o início, preparei ela muito bem, com os treinamentos, treinadores, psicólogos, e ela tá se dedicando muito bem como uma profissional desde sempre. Então é um orgulho, né? O exemplo realmente, nesse caso, arrastou”.

A atleta ainda precisa conciliar a rotina de treinos como atleta profissional de bodyboarding com a presidência do Instituto Neymara Carvalho. “Eu divido o meu tempo com a presidência do Instituto, hoje com uma nova roupagem. A gente tem uma assistente social, uma gestora, uma administradora, além de mais de 60 alunos, todos recebendo aulas gratuitas lá na Barra do Jucu. Também sou a idealizadora do ArcelorMittal Wahine Bodyboarding Pro, que é a etapa do Circuito Mundial Feminina, em Jacaraípe, na Serra, no Espírito Santo. Este ano, inclusive, provavelmente a gente vai entregar os três títulos mundiais de categorias: Master, Pro Júnior e Profissional. Na Profissional, vai depender do desenrolar do Circuito para ver se realmente vai ficar pra última etapa. Se ficar para o Espírito Santo, vai ser um momento histórico na história do esporte mundial e a gente vai escrever história nas areias de Jacaraípe. Então, eu fico me dividindo a isso, eu estou completamente dedicada ao esporte em todas as esferas, no social, no meu profissional e no coletivo, que é ajudar com o desenvolvimento do esporte a nível estadual, Brasil e mundial”.

Neymara também ponderou a experiência que acumulou enquanto gestora pública: “O momento que tive na gestão pública me fez valorizar muito quem eu sou no esporte e o quanto eu poderia contribuir realmente com esporte, e eu sentia muita falta de valorização também por quem eu sou e pelo que eu represento no Espírito Santo. E aí veio a oportunidade de voltar 100% a ser atleta através do patrocínio da Arcelor e eu embarquei nessa e estou muito feliz”.

Por fim, ela salientou o sonho de ver o bodyboarding virar uma modalidade olímpica: “Eu acho que a gente tem muito que crescer ainda e desejo que a gente possa chegar um dia a ser uma modalidade olímpica e, para isso, tem que ser construído a várias mãos, com associações, federações, confederações no mundo, todos têm que se unir para isso. Acredito que o caminho mais curto é a gente se unir ao surfe, que já está lá, e a gente tentar ser uma das modalidades do surfe nas Olimpíadas. Eu acredito que isso possa acontecer um dia, nós temos organização e talento para isso e, no que depender de mim, eu quero estar empenhada em ajudar o esporte a chegar lá”.

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