Foto: Racool_studio no Freepik
O estudo é resultado da dissertação de mestrado da nutricionista Cleodice Martins, orientada pelos professores do Departamento de Educação Integrada em Saúde (Deis) da Ufes, Luciane Salaroli e José Luiz Rocha, ambos pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Nutrição e Saúde da Universidade Federal do Espírito Santo (PPGNS/Ufes). Essa pesquisa representa uma conquista significativa no campo do diagnóstico médico para pacientes que enfrentam obesidade abdominal, doença renal crônica e estão em tratamento de hemodiálise.
Pela primeira vez no Brasil, esses cientistas conseguiram estabelecer um ponto de corte específico para o índice de conicidade, uma métrica crucial na identificação da obesidade abdominal nesse grupo de pacientes. O estudo foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes), com um investimento de R$ 95 mil, através do Edital 03/2018 – Programa de Pesquisa Para o SUS: Gestão Compartilhada em Saúde – PPSUS, destacando o comprometimento e a expertise desses pesquisadores em promover avanços no diagnóstico e cuidado médico.
O índice de conicidade, utilizado para avaliar o risco de problemas cardíacos e metabólicos com base na circunferência da cintura, destaca-se como uma ferramenta prática e de baixo custo. Os resultados do estudo revelam que a obesidade abdominal é mais prevalente no sexo masculino e está associada a fatores como idade, cor e estado civil.
Cleodice enfatizou a relevância do índice de conicidade na avaliação nutricional desses pacientes, destacando sua utilidade tanto na prática médica quanto em estudos sobre doença renal crônica em hemodiálise.
“Até agora não existia na literatura científica um ponto de corte específico para o índice de conicidade que indicasse claramente a presença desse tipo de obesidade nesse grupo de pessoas. Esse número é importante porque ajuda os profissionais de saúde a avaliar melhor a nutrição dos pacientes e também pode ser usado em estudos sobre essa doença e na prática médica para essa população específica”, esclareceu Cleodice.
A pesquisa contou com a participação de um grupo formado por nutricionistas, estudantes e professores do Departamento de Nutrição da Ufes, e os dados foram obtidos diretamente com 953 pessoas que fazem hemodiálise nas unidades de atendimento em Cariacica, Fundão, Guarapari, Serra, Vila Velha, Viana e Vitória.
Considerando a doença renal crônica como um dos principais problemas de saúde pública da atualidade, devido à complexidade do seu tratamento e ao impacto na qualidade de vida das pessoas, a professora Luciane Salaroli ressaltou a importância do estudo realizado. “Esses indivíduos têm outras doenças associadas e, além disso, o estudo confirma elevados índices de obesidade abdominal na população estudada, o que pode trazer complicações adicionais no curso da doença”, afirmou Salaroli. O professor José Luiz Rocha enalteceu os resultados obtidos e o apoio recebido, destacando a importância dos investimentos em pesquisa científica para o desenvolvimento de ferramentas e protocolos para o cuidado adequado desses pacientes. Ele ainda comentou que ambos os artigos têm “grande relevância, tanto para cientistas de todo o mundo quanto para o melhor manejo de indivíduos em hemodiálise”.
O diretor-presidente da Fapes, Denio Arantes, expressou que os resultados dos estudos feitos com o apoio da Fapes pelo edital PPSUS representam o que há de mais gratificante na ciência, “ao melhorar as condições de tratamento dos doentes renais crônicos e levar a eles uma alimentação adequada conforme o quadro de saúde de cada um”. “Temos a certeza de que o avanço nos estudos específicos sempre vai proporcionar uma vida com mais qualidade aos pacientes do Sistema único de Saúde (SUS)”, declarou Denio Arantes.
Diante dos benefícios identificados, Cleodice Martins expandirá os estudos durante seu doutorado, focando no indicativo de mortalidade. Essa nova fase, iniciada no Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (PPGSC/Ufes), busca compreender o impacto da obesidade abdominal e da massa muscular na mortalidade de pacientes com doença renal crônica em hemodiálise na Grande Vitória, com previsão de conclusão em 2027.
O estudo já teve resultados publicados nos periódicos científicos internacionais ‘Nutrition’ e ‘PLOS One’, destacando a importância dos investimentos em pesquisa científica para desenvolver ferramentas cruciais no cuidado adequado desses pacientes.
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