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Texto por: Gabriel Harchbart
Vivemos um paradoxo na gestão moderna. Enquanto o mundo corporativo prega a necessidade de especialistas—os “gurus” do mercado, os “ninjas” de cada setor—, os dados mostram que os maiores líderes e inovadores não são aqueles que trilharam um caminho estreito e linear. Pelo contrário, são os generalistas que dominam em ambientes complexos.
Se você é gestor, empreendedor ou está construindo uma equipe de alto desempenho, precisa entender uma verdade incômoda: a especialização precoce pode estar matando seu time e sufocando sua empresa.
No livro “Por que Generalistas Vencem em um Mundo de Especialistas”, David Epstein desmascara a ideia de que especialização extrema é sinônimo de sucesso. E se você ainda acredita nisso, está ignorando a forma como grandes líderes tomam decisões, aprendem rápido e resolvem problemas de forma criativa.
O livro traz exemplos contundentes. Pegue o caso do Tiger Woods vs. Roger Federer.
Resultado? Federer se tornou um dos maiores tenistas de todos os tempos, com um jogo mais adaptável e uma longevidade superior à de outros atletas ultraespecializados.
No mundo dos negócios, gestores que buscam só especialistas podem estar cometendo o mesmo erro de criar “Tigers Woods” em um ambiente que precisa de “Federers” — gente capaz de transitar entre áreas, se adaptar e inovar.
Outra história do livro envolve a tragédia do incêndio de Mann Gulch, onde bombeiros treinados para um único tipo de combate ao fogo falharam em improvisar quando a situação fugiu do padrão. O único sobrevivente foi aquele que pensou fora do protocolo, criando uma técnica que nunca tinha sido ensinada.
Isso acontece todos os dias no mundo corporativo. Especialistas ficam presos ao que sabem. Generalistas conseguem pivotar e achar saídas que ninguém viu.
Na prática:
Se você é gestor, precisa fazer três coisas imediatamente:
Exemplos de grandes líderes que são ou foram generalistas:
Elon Musk é um dos exemplos mais claros de um generalista bem-sucedido. Ele começou com programação (Zip2 e PayPal), depois foi para a indústria automotiva com a Tesla, revolucionou a exploração espacial com a SpaceX, criou uma empresa de túneis (The Boring Company) e agora está na neurociência com a Neuralink e na inteligência artificial com a xAI.
Se ele fosse apenas um especialista em software, não teria conseguido inovar em tantas frentes. Sua capacidade de aprender rapidamente e conectar conhecimentos de física, engenharia, design, manufatura e negócios faz dele um exemplo clássico de generalista vencedor.
Steve Jobs nunca foi um especialista técnico no sentido tradicional. Ele não era engenheiro de hardware nem programador avançado, mas tinha um olhar afiado para design, experiência do usuário, marketing e tecnologia.
Ele transitou entre áreas como computação (Apple), animação (Pixar) e estratégia corporativa (NeXT), combinando diferentes disciplinas para criar produtos que revolucionaram o mundo. Seu conhecimento generalista o ajudou a enxergar o que os especialistas isolados não conseguiam.
Bezos começou sua carreira em finanças antes de fundar a Amazon. Ele não era um especialista em tecnologia, mas soube aprender sobre logística, e-commerce, computação em nuvem e inteligência artificial.
Depois, expandiu seus horizontes para o setor aeroespacial (Blue Origin) e até para o jornalismo (The Washington Post). Seu sucesso não veio da especialização extrema, mas da capacidade de navegar entre setores e entender como diferentes conhecimentos se conectam.
Indra Nooyi começou sua carreira em consultoria estratégica e depois assumiu a liderança da PepsiCo. Ela transitou entre áreas como branding, operações, fusões e aquisições, e inovação de produtos.
Ela não era apenas uma especialista em bebidas ou marketing, mas sim uma executiva que soube integrar várias disciplinas para transformar a empresa, expandindo seu portfólio para alimentos mais saudáveis e sustentáveis.
Branson é um dos maiores exemplos de generalistas na história dos negócios. Ele começou com uma revista, depois criou uma gravadora, expandiu para companhias aéreas, serviços financeiros, telecomunicações e até turismo espacial.
Ele não se especializou em um único setor, mas usou sua capacidade de adaptação e aprendizado rápido para criar um império diversificado.
O mundo mudou. Você, como líder, está mudando também?
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