Foto: Marcelo Gonçalves / Fluminense F. C.
O futebol brasileiro está passando por uma transformação estrutural: a era das SAFs. E, agora, o Fluminense entrou nesse jogo com números que impressionam — R$ 6,9 bilhões em 10 anos.
Mas a novidade não está apenas no valor ou no modelo. Está também em quem vai investir. Entre os 40 cotistas reunidos pela Lazuli Partners, há nomes de peso do Espírito Santo, como a Apex Partners, além de famílias empresariais capixabas que se somam a gigantes do mercado financeiro nacional.
Para o torcedor tricolor, a promessa é tentadora: quitação da dívida de R$ 871 milhões, aporte inicial de R$ 500 milhões, folha reforçada, contratações bilionárias e investimentos na base. No entanto, há um detalhe importante que exige olhar de gestor: os R$ 6,4 bilhões “obrigatórios” não são, necessariamente, dinheiro novo. Boa parte virá das próprias receitas que o clube já gera hoje — direitos de TV, patrocínios, bilheteria.
Em termos de gestão, o que muda não é a origem de todo recurso, mas quem terá o poder de decidir como utilizá-lo. A governança está desenhada com 65% para investidores e apenas 35% para o clube. No conselho, 6 cadeiras para o capital, 2 para a associação. É a típica troca entre autonomia e estabilidade financeira, um dilema conhecido em qualquer empresa que abre mão do controle em troca de capital.
Para os capixabas, é um movimento simbólico: o Espírito Santo passa a ser coprotagonista em um dos maiores projetos de transformação do futebol brasileiro. Mostra como nossas famílias e empresas estão deixando de ser apenas espectadoras e assumindo papéis relevantes em negócios de impacto nacional.
O torcedor pode enxergar nisso um caminho para títulos. O gestor, um case de governança, identidade e estratégia. O que está em jogo não é só o Fluminense — é o modelo de clube-empresa no Brasil e o protagonismo de investidores capixabas nesse processo.