Setor de apostas online vira “boom” no Brasil
Publicado em: 30/05/2025Compartilhe
Por: Matheus Thebaldi
O mercado global de apostas esportivas deve ultrapassar US$180 bilhões até 2030, segundo projeções da consultoria Grand View Research. Já a nova edição do estudo “CNPJs do Brasil” aponta que esse setor vem crescendo de forma acelerada. O número de empresas cadastradas saltou de cerca de 840 no final de 2022 para mais de 2100 no final de 2024, um crescimento de 153% no período.
O capixaba Celso Antônio Araujo Fontes, de 37 anos, é formado em Enfermagem, mas atualmente trabalha com o Cartola, jogo em que você pode montar seu próprio time com os jogadores reais da Série A do Campeonato Brasileiro, e as apostas.
A maior aposta que ele já ganhou foi o dupla de placar exato que ele acertou. “Foi uma odd 130. Coloquei R$50 e retornou R$ 6.500”, contou.
Celso, que é torcedor fanático do Botafogo, iniciou esse trabalho na Copa do Mundo de 2022. “Com a visibilidade da Copa e o boom das apostas, montei um grupo para passar dicas somente dos jogos do Mundial. Com esse grupo, fizemos um resultado de 60% de rentabilidade que fez várias e várias pessoas se interessarem mais no meu trabalho”.
Após a Copa do Catar, com incentivo das próprias pessoas que estavam no grupo dele, Celso iniciou o grupo VIP, que está crescendo ano após ano.
E como é a rotina de quem atua nessa área? Ele responde: “A rotina é puxada, porque envolve muitos campeonatos e muitos jogos todos os dias. Levo umas quatro horas por dia para avaliar todos os jogos que teremos pra, só depois do estudo finalizado, selecionar as melhores oportunidades do dia e mandar para os assinantes. Após o estudo, ainda tem o acompanhamento de vários jogos ao vivo pra buscar oportunidade com o jogo rolando também. É o dia todo basicamente estudando e acompanhando os jogos pra trazer o melhor resultado”.
Celso também aponta quais são as casas com as quais mais gosta de trabalhar e quais ferramentas utiliza para estudar os jogos: “Eu gosto de trabalhar na Bet 364, na Betano e na Superbet. Essas são as casas que mais atuo. Pra estudo dos jogos, uso vários sites de estatística, como Packball, Player Stats, Sofá Score , entre outros… Eu trabalho com o Fantasy Game Cartola FC também passando dicas e fui meio que obrigado a migrar para as apostas também por causa dessa ascensão que teve. O número de usuários (interessados) no Cartola caiu e o interessado nas apostas só subindo, então temos que ir junto pra não ficar pra trás no mercado”.
Foto: Arquivo pessoal
Estudo aponta crescimento expressivo do setor de apostas online
O novo estudo “CNPJs do Brasil”, divulgado pela BigDataCorp, revelou um crescimento expressivo no setor de apostas online no Brasil. De acordo com o levantamento, o número de empresas com CNAE desses jogos saltou de cerca de 840 no final de 2022 para mais de 2100 no final de 2024 — um aumento de 153%. A projeção para 2025 é de mais de 1200 novos CNPJs no segmento, o que representa um avanço de 61,52% em relação ao ano anterior.
Outro destaque do estudo é a distribuição geográfica dessas empresas. Embora as regiões Norte e Nordeste representem apenas 19,47% do total de CNPJs do país, elas concentram 37,34% das empresas de apostas online. Estados como Amazonas, Ceará, Maranhão e Rio Grande do Norte apresentam participação desproporcionalmente alta no setor. Além disso, o levantamento mostra que empresas sediadas no exterior também marcam presença: enquanto 0,34% dos CNPJs gerais são de fora do país, no segmento de apostas esse número chega a 0,87%.
Em termos de capital investido, São Paulo lidera com 64,22% do capital social total, com uma média de R$16,1 milhões por empresa. Já o Distrito Federal apresenta a maior média de capital por CNPJ, com R$19,1 milhões. No total, o setor de apostas online já soma mais de R$12 bilhões em capital social declarado no Brasil. Estados como Paraíba, Pernambuco, Piauí e Pará também se destacam com valores médios elevados por empresa.
Foto: Reprodução
Inteligência artificial transforma o mercado de apostas esportivas
A inteligência artificial (IA) e o aprendizado de máquina estão modificando silenciosamente, mas de forma decisiva, o funcionamento das plataformas de apostas esportivas. Essas ferramentas, antes restritas a áreas como finanças e segurança da informação, agora ampliam a capacidade preditiva dos sistemas e personalizam a jornada do usuário em sites e aplicativos de apostas.
De acordo com Ricardo Santos, cientista de dados e fundador da Fulltrader Sports, plataforma especializada em inteligência estatística para o mercado esportivo, o uso da IA permite processar grandes quantidades de dados históricos e variáveis em tempo real, como lesões, desempenho e até fatores climáticos, o que eleva a precisão dos modelos de previsão”, afirma.
As empresas do setor têm se apoiado nessas tecnologias para ajustar as probabilidades oferecidas, conhecer melhor o perfil dos usuários e oferecer sugestões mais assertivas tudo isso em tempo real.
Com o crescimento do mercado global de apostas esportivas, aumentam também os investimentos em tecnologia. Casas de apostas digitais utilizam algoritmos não só para gerar previsões mais detalhadas sobre jogos, mas também para mapear padrões de comportamento de cada usuário.
“A plataforma aprende com o histórico do usuário e passa a sugerir apostas que fazem mais sentido para o seu perfil. É um nível de personalização que melhora a experiência, mas que exige responsabilidade na maneira como é aplicado”, explica o especialista.
IA não substitui o olhar humano
Apesar da sofisticação dos sistemas, Ricardo alerta para os limites dessa tecnologia. Segundo ele, a inteligência artificial pode apoiar a tomada de decisão, mas não garante sucesso nas apostas. “É um erro pensar que a IA elimina o acaso. O esporte continua sendo imprevisível por natureza, e confiar exclusivamente em máquinas pode levar a decisões mal avaliadas.”
O especialista defende que o apostador use essas ferramentas como apoio, mas sem abrir mão do conhecimento técnico e da análise crítica. “Combinar dados e interpretação humana ainda é a fórmula mais eficiente.”
