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UFES é pioneira em curso de gemologia do Brasil

Publicado em: 18/01/2025

Foto: Divulgação UFES

A Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) estabeleceu um marco histórico na educação superior brasileira ao lançar o primeiro curso de bacharelado em Gemologia do país.

Com o objetivo de formar profissionais empreendedores e inovadores, capazes de agregar valor econômico à cadeia produtiva de gemas, joias e afins, foi criado, em 2009, o curso de Gemologia na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Nascido no âmbito do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), o curso de Gemologia, que é único no Brasil, oferece formação em três áreas de conhecimento. São elas: Ciências Sociais, com aulas de Economia e Empreendedorismo; Geociências, com disciplinas como Mineralogia e Gemologia; e Artística, que ensina técnicas de lapidação, desenho e montagem de joias.

Com currículo abrangente, o curso inclui disciplinas de geologia, mineralogia, cristalografia, identificação, avaliação, certificação, lapidação, design e confecção de joias. Além disso, os estudantes têm acesso a conhecimentos aplicados nas áreas de legislação e tributação de gemas e joias, economia do setor minerário e joalheiro, comércio exterior, gestão estratégica, empreendedorismo, e desenvolvimento tecnológico e inovação na cadeia produtiva de gemas e joias.

A proposta do curso é a de fazer com que os futuros profissionais formados sejam capacitados a trabalhar em todas as cadeias produtivas do mercado de joias. Ao final da graduação, os formandos estarão aptos a atuar na identificação e avaliação de gemas e joias, abrangendo a lapidação, gravação, cravação e certificação de gemas; design e confecção de joias; artesanato em minerais; comercialização, incluindo importação e exportação; inovação na cadeia produtiva; e pesquisas e laudos em minerais brutos e lapidados.

Segundo diagnóstico do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, embora o Brasil seja o maior exportador mundial de gemas coradas brutas, a falta de qualificação e empreendimentos voltados para o beneficiamento e fabricação de joias impede o país de maximizar seu potencial econômico nesse setor.

Por ser um curso pioneiro, vários desafios foram encontrados no processo de implementação.

“Por se tratar de um curso inovador, em sua proposta, o principal desafio foi convencer as pessoas da necessidade de formação de mão-de-obra capacitada para trabalhar na cadeia produtiva de gemas e joias, que sempre teve como característica, no Brasil, o empirismo. Como o curso possui um cunho prático-científico muito forte, equipar e montar laboratórios de ensino também foi um desafio. Algo que perdura até hoje, mesmo depois de 15 anos de curso, é a divulgação da Gemologia enquanto ciência e do potencial gemológico brasileiro, que é uma potência em materiais com potencial de uso gemológico”, afirma Marcos Antônio Spinassé, professor de Design de Joias do curso.

A formação em Gemologia, segundo Spinassé, não apenas contribui para trazer mais seriedade e segurança para o mercado, mas também garante a aplicação dos princípios do desenvolvimento sustentável, promovendo o aproveitamento máximo e ótimo dos recursos naturais do planeta. O curso também é projetado para capacitar profissionais a atuar em todos os elos da cadeia produtiva de gemas e joias, desde a extração do material bruto até a comercialização, fomentando o espírito inovador e empreendedor dos egressos.

A gemologia, sendo uma ciência baseada na coleta de dados, interpretação e diagnóstico, tem incorporado avanços tecnológicos significativos ao setor. Spinassé ressalta que os novos equipamentos permitem diferenciar materiais autênticos de imitações, sejam elas naturais, sintéticas ou artificiais, o que aumenta a credibilidade e a qualidade do setor.

Outro destaque é o projeto de extensão “Design Joia”, também coordenado por Spinassé, que criou o Lab Design Joia. O ambiente simula um escritório de design de joias para atender demandas sociais relacionadas ao setor de gemas e joias. Utilizando metodologias do design social, o Lab promove oficinas criativas coletivas para gerar alternativas e soluções de forma participativa, envolvendo diretamente comunidades beneficiárias.

Um exemplo significativo é o trabalho desenvolvido com o Coletivo Barra de Renda, formado por mais de 60 rendeiras da Barra do Jucu, em Vila Velha (ES). Por meio do design social, o Lab ajudou a criar um sistema modular para produção de joias, gerando oportunidades de trabalho e renda para o grupo.

“As proposições nasceram do design social, utilizando metodologias que envolvem as pessoas para encontrar soluções viáveis. Com isso, o Coletivo Barra de Renda ganhou uma ferramenta que não apenas valoriza o trabalho artesanal, mas também amplia as possibilidades de inserção no mercado”, explica Spinassé.

Comunidades interessadas em serem atendidas pelo projeto podem enviar solicitações para o e-mail designjoia@ufes.br. O impacto do projeto, assim como o curso de Gemologia, reflete o compromisso da UFES com a inovação, a inclusão social e o desenvolvimento econômico sustentável.

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