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Você não precisa vender para todo mundo: o papel do ICP na tração real de um negócio

Publicado em: 15/04/2025

A maior parte das empresas começa vendendo para “quem quiser comprar”. É natural. No início, toda venda parece uma vitória. Mas, com o tempo, esse comportamento vira uma armadilha. Crescer vendendo para “todo mundo” é o mesmo que construir uma casa sem planta. Funciona até cair.

Empresas que crescem com consistência — e não por sorte — fazem uma escolha intencional: começam pelo cliente certo, com a dor certa, no momento certo. É isso que define tração real. E o ponto de partida é simples de entender (mas raro de aplicar): conhecer profundamente seu ICP — o perfil de cliente ideal.

 

Quem é o seu ICP de verdade?

ICP não é só demográfico. Vai além de “empresas com mais de 10 funcionários” ou “mulheres entre 25 e 40 anos”. O verdadeiro perfil ideal é aquele que:

  • Tem um problema relevante e urgente
  • Reconhece que tem esse problema
  • Tem recurso (tempo, dinheiro e prioridade) para resolver
  • Está em um momento de compra
  • E se conecta com a forma como você entrega valor

O erro comum está em mirar um público “desejável” — bonito na apresentação de pitch ou na ideia de marca — mas que não compra, não valoriza e não tem pressa.

 

Dor, ganho e tarefa: o tripé da proposta de valor

Depois de definir quem é o cliente ideal, vem o segundo desafio: entregar uma proposta de valor que resolva um problema real.

Segundo frameworks como o Value Proposition Canvas, uma proposta de valor relevante precisa se conectar com três pontos:

  • Dores — o que incomoda, limita, frustra ou ameaça o cliente
  • Ganhos — o que ele deseja, sonha, quer alcançar
  • Tarefas — o que ele precisa fazer, seja no dia a dia ou no processo de decisão

Empresas que conseguem descrever esses três pontos com clareza geralmente dominam seu nicho. Elas não vendem um produto ou serviço. Elas vendem alívio, conquista ou avanço.

 

Casos reais: tração a partir do cliente certo

Notion: virou uma plataforma de produtividade global ao focar primeiro em desenvolvedores e designers que buscavam autonomia e flexibilidade. Depois de ganhar tração nesse público, expandiu para outros segmentos.

Hotmart: criou tração ao entender a dor de produtores de conteúdo e especialistas que queriam vender cursos e produtos digitais sem depender de infraestrutura técnica. Ao simplificar pagamentos, hospedagem e entrega de conteúdo, se tornou referência no mercado de infoprodutos e educação online.

RD Station: nasceu dentro de uma agência de marketing digital, sentindo na pele o desafio de gerar e nutrir leads de forma escalável. Criou uma plataforma de automação acessível para PMEs, com linguagem local, preço justo e onboarding voltado para quem nunca havia usado tecnologia de marketing antes.

WhatsApp Business: ganhou tração ao resolver uma dor concreta de pequenos negócios que precisavam se comunicar com clientes de forma rápida, direta e gratuita. Ao entender que a maioria das PMEs brasileiras já usava o WhatsApp no dia a dia, a empresa criou uma solução simples, mas poderosa, que se encaixava perfeitamente no hábito e nas limitações do público-alvo.

 

Como aplicar isso na prática

Para transformar produto e proposta de valor em motores de tração, recomendo 5 ações:

 

Entreviste os seus melhores clientes

Descubra o que eles estavam vivendo antes de comprar. Qual era a dor? O que tentaram antes? Por que escolheram você?

 

Crie personas com base em dados reais

Deixe de lado achismos e crie perfis baseados no comportamento e nas falas dos clientes.

 

Mapeie os pontos de atrito e encantamento da jornada

Descubra o que os faz hesitar, desistir ou se apaixonar pelo seu produto.

 

Teste micro-ofertas com foco em resultado

Antes de escalar, teste versões simples da sua oferta para entender o que mais conecta com a dor do cliente.

 

Atualize sua proposta de valor com frequência

Mercados mudam. Seu cliente muda. Sua comunicação e entrega de valor também precisam evoluir.

 

No fim do dia, produto sem tração é só uma ideia bonita. Tração real nasce da combinação entre clareza de público, dor explícita e promessa irresistível de ganho. E não importa o tamanho da sua empresa — se você tem clareza sobre para quem está vendendo e resolve algo que realmente importa, sua proposta de valor se torna o seu maior diferencial competitivo.

Porque vender para todo mundo pode parecer ambicioso. Mas vender para a pessoa certa é o que realmente faz o caixa girar.

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