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Por que generalistas vencem especialistas?

Publicado em: 11/02/2025

Foto: Reprodução.

Texto por: Gabriel Harchbart 

Vivemos um paradoxo na gestão moderna. Enquanto o mundo corporativo prega a necessidade de especialistas—os “gurus” do mercado, os “ninjas” de cada setor—, os dados mostram que os maiores líderes e inovadores não são aqueles que trilharam um caminho estreito e linear. Pelo contrário, são os generalistas que dominam em ambientes complexos.

Se você é gestor, empreendedor ou está construindo uma equipe de alto desempenho, precisa entender uma verdade incômoda: a especialização precoce pode estar matando seu time e sufocando sua empresa.

No livro “Por que Generalistas Vencem em um Mundo de Especialistas”, David Epstein desmascara a ideia de que especialização extrema é sinônimo de sucesso. E se você ainda acredita nisso, está ignorando a forma como grandes líderes tomam decisões, aprendem rápido e resolvem problemas de forma criativa.

Especialistas são bons… até um certo ponto

O livro traz exemplos contundentes. Pegue o caso do Tiger Woods vs. Roger Federer.

  • Tiger Woods foi um prodígio que começou a jogar golfe ainda bebê, com uma rotina obsessiva de treino desde a infância. Seu sucesso é o sonho de qualquer pai que quer criar um campeão.
  • Roger Federer, por outro lado, experimentou vários esportes antes de focar no tênis. Ele jogou basquete, futebol e outros esportes antes de escolher sua carreira final.

Resultado? Federer se tornou um dos maiores tenistas de todos os tempos, com um jogo mais adaptável e uma longevidade superior à de outros atletas ultraespecializados.

No mundo dos negócios, gestores que buscam só especialistas podem estar cometendo o mesmo erro de criar “Tigers Woods” em um ambiente que precisa de “Federers” — gente capaz de transitar entre áreas, se adaptar e inovar.

Generalistas enxergam o que especialistas ignoram

Outra história do livro envolve a tragédia do incêndio de Mann Gulch, onde bombeiros treinados para um único tipo de combate ao fogo falharam em improvisar quando a situação fugiu do padrão. O único sobrevivente foi aquele que pensou fora do protocolo, criando uma técnica que nunca tinha sido ensinada.

Isso acontece todos os dias no mundo corporativo. Especialistas ficam presos ao que sabem. Generalistas conseguem pivotar e achar saídas que ninguém viu.

Na prática:

  • Seu time de vendas está estagnado? Talvez você precise de alguém que entenda de marketing e produto, não só de cold call.
  • Seu crescimento parou? Olhe para líderes que já passaram por diferentes áreas, não apenas especialistas no seu setor.
  • Seu processo de inovação está engessado? Talvez você tenha contratado “experts” demais e esqueceu de trazer outsiders com perspectivas diferentes.

O que os líderes precisam fazer?

Se você é gestor, precisa fazer três coisas imediatamente:

  1. Pare de buscar só especialistas. Comece a valorizar profissionais com experiências diversas. Gente que trabalhou em diferentes setores, que já mudou de área e que tem capacidade de adaptação.
  2. Monte times com diversidade de pensamento. Não adianta contratar só quem tem as mesmas certificações ou veio da mesma indústria. Grandes inovações vêm da fusão de conhecimentos diferentes.
  3. Desafie a cultura da hiperespecialização. Se sua empresa está viciada em contratar especialistas para cada função e evitar “coringas”, talvez você esteja matando sua capacidade de inovação.

Exemplos de grandes líderes que são ou foram generalistas:

  • Elon Musk (Tesla, SpaceX, Neuralink, The Boring Company, xAI)

Elon Musk é um dos exemplos mais claros de um generalista bem-sucedido. Ele começou com programação (Zip2 e PayPal), depois foi para a indústria automotiva com a Tesla, revolucionou a exploração espacial com a SpaceX, criou uma empresa de túneis (The Boring Company) e agora está na neurociência com a Neuralink e na inteligência artificial com a xAI.

Se ele fosse apenas um especialista em software, não teria conseguido inovar em tantas frentes. Sua capacidade de aprender rapidamente e conectar conhecimentos de física, engenharia, design, manufatura e negócios faz dele um exemplo clássico de generalista vencedor.

2. Steve Jobs (Apple, Pixar, NeXT)

Steve Jobs nunca foi um especialista técnico no sentido tradicional. Ele não era engenheiro de hardware nem programador avançado, mas tinha um olhar afiado para design, experiência do usuário, marketing e tecnologia.

Ele transitou entre áreas como computação (Apple), animação (Pixar) e estratégia corporativa (NeXT), combinando diferentes disciplinas para criar produtos que revolucionaram o mundo. Seu conhecimento generalista o ajudou a enxergar o que os especialistas isolados não conseguiam.

3. Jeff Bezos (Amazon, Blue Origin, The Washington Post)

Bezos começou sua carreira em finanças antes de fundar a Amazon. Ele não era um especialista em tecnologia, mas soube aprender sobre logística, e-commerce, computação em nuvem e inteligência artificial.

Depois, expandiu seus horizontes para o setor aeroespacial (Blue Origin) e até para o jornalismo (The Washington Post). Seu sucesso não veio da especialização extrema, mas da capacidade de navegar entre setores e entender como diferentes conhecimentos se conectam.

4. Indra Nooyi (Ex-CEO da PepsiCo)

Indra Nooyi começou sua carreira em consultoria estratégica e depois assumiu a liderança da PepsiCo. Ela transitou entre áreas como branding, operações, fusões e aquisições, e inovação de produtos.

Ela não era apenas uma especialista em bebidas ou marketing, mas sim uma executiva que soube integrar várias disciplinas para transformar a empresa, expandindo seu portfólio para alimentos mais saudáveis e sustentáveis.

5. Richard Branson (Virgin Group)

Branson é um dos maiores exemplos de generalistas na história dos negócios. Ele começou com uma revista, depois criou uma gravadora, expandiu para companhias aéreas, serviços financeiros, telecomunicações e até turismo espacial.

Ele não se especializou em um único setor, mas usou sua capacidade de adaptação e aprendizado rápido para criar um império diversificado.

 

O mundo mudou. Você, como líder, está mudando também?

 

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