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Esporte: um elemento transformador de superação

Publicado em: 28/02/2025

Sempre acreditei no poder transformador do esporte e na importância de promover a inclusão em todas as esferas da sociedade. Foi isso que impulsionou, por exemplo, o atleta profissional de natação paralímpica e recordista brasileiro Waldir Alvarenga Junior, mais conhecido como “Tiozinho”, de 49 anos. Tudo começou após um acidente de carro, quando recebeu o diagnóstico de tetraparesia.

Ele ficaria acamado, sem poder rodar de cadeira de rodas, somente com a reclinada, própria para quem não tem movimento. “Já no hospital, não aceitei esse tipo de cadeira e falei com o médico que não aceitava isso para minha vida e buscaria o máximo me dedicar para ser independente. Sempre pratiquei esporte e nadar era tudo que eu mais fazia, Só tive que me adaptar sem bater as pernas. Foi muito rápido e, com um mês, já fui competir em Brasília e ganhei quatro medalhas de prata. Foi o que eu precisava para virar atleta”.

Foram alguns percalços para ele recomeçar. A depressão foi um deles. “O esporte entrou na minha vida sete anos depois de me acidentar. Fiquei muito depressivo, pois tinha muitos desmaios por causa da minha lesão. Depois de cinco anos, comecei fisioterapia em Minas Gerais durante 45 dias. Retornando de lá, consegui aprender a ser independente com banho, higiene pessoal, fazer barba e outras coisas”, contou Tiozinho.

Superação e dedicação viraram suas grandes aliadas. Ele provou que aquela primeira reação junto ao médico o faria recomeçar. Tanto é que ele se tornou atleta profissional de natação paralímpica de alto rendimento. Tiozinho tem uma rotina pesada de treinos: natação de segunda a sexta na parte da tarde, academia às terças e quintas de manhã e massoterapia às sextas.

Foto: Divulgação.

“Sou aposentado por invalidez e vivo do esporte para complementar minha renda com Bolsa Atleta, que é minha única renda no esporte. Se não sou contemplado, tenho que fazer rifas para custear minhas despesas, mesmo sendo campeão brasileiro e 1° no ranking em quatro provas no País em 2024. As competições são muito caras. Sou palestrante em escolas e empresas, sem cachê, não cobro nada, e só tenho a agradecer por mostrar a todos que, tendo fé, esperança e muita dedicação, podemos mudar as nossas vidas”.

Tiozinho, que é casado e tem quatro filhos e três netos, leva muito a sério o que faz há 15 anos e demonstra dedicação ao extremo, além de servir de exemplo para qualquer pessoa que passe por alguma dificuldade na vida. “Todos temos dificuldades, mas sabendo sempre que existem pessoas que não fazem, mesmo com ou sem deficiência, metade do que eu com dificuldades faço. Podemos mudar as pessoas motivando e dando oportunidades, e não facilidades para ficarem à toa. Sempre agradeço e procuro ajudar o próximo, não dando a isca, mas a vara de pescar”.

Atualmente, ele treina na Associação Capixaba Paradesporto, no Álvares Cabral, e tem como técnicos Leonardo Meglinas, Erick Chiabai e Fairo Brasil. Ele deixa um grande legado e um exemplo de que é possível passar por qualquer que seja a barreira:

“Recebo muitas mensagens de pessoas até desconhecidas perguntando como eu consigo fazer o que eu faço. Eu sempre lembro que tenho uma esposa que me ama, uma família que me adora e que tem orgulho de mim. Tenho meus filhos e meus netos que ficam felizes ao me ver quando eu chego em casa com uma medalha, por simplesmente estar participando de competição. Isso os deixa alegres, então, isso me engrandeça. É de onde vem toda a minha força: da minha família e de Deus. Eu quero deixar um legado de superação e dedicação. Não é necessário você facilitar o seu tempo para que o mal venha e se aponte, mas levar a alegria e a esperança para aqueles que precisam por um amanhã melhor do que hoje”.

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