Texto por: Renzo Colnago
No cenário atual, onde a imprevisibilidade é a única certeza, o conceito de nexialismo emerge como um dos pilares mais relevantes para lideranças modernas. Este termo, que encapsula a essência de conectar saberes diversos, é uma resposta natural à crescente complexidade do mundo VUCA (Volátil, Incerto, Complexo e Ambíguo) e BANI (Frágil, Ansioso, Não Linear e Incompreensível). Em uma aula inspiradora com Walter Longo, renomado especialista em inovação e governança, ficou evidente que o futuro pertence aos nexialistas — indivíduos com a rara habilidade de transitar por múltiplas disciplinas, integrando conhecimentos e criando soluções inovadoras.
O nexialista é, essencialmente, um arquiteto do pensamento sistêmico. Diferente do especialista tradicional, cuja profundidade se limita a um único campo, o nexialista navega entre áreas, conectando insights que podem parecer desconexos para formular abordagens holísticas. Essa capacidade de visão ampla é fundamental em tempos onde os desafios transcendem fronteiras organizacionais e demandam respostas rápidas, criativas e, acima de tudo, eficazes.
O diferencial de um nexialista está em sua habilidade de pensar em cenários múltiplos. Não é mais possível confiar em previsões lineares. O pensamento cenarista, marca registrada dos nexialistas, envolve a construção de múltiplas possibilidades para enfrentar o inesperado. Esse exercício demanda criatividade, adaptabilidade e uma compreensão profunda das interdependências sistêmicas.
Nos conselhos de administração, a presença de nexialistas pode transformar a governança empresarial. Eles são os agentes da mudança, capazes de conectar dados técnicos a insights humanos, propondo soluções que não apenas resolvem problemas imediatos, mas também posicionam as organizações de forma estratégica para o futuro. Empresas que contam com esses profissionais tendem a ser mais resilientes, adaptáveis e visionárias. A integração de disciplinas como sustentabilidade, tecnologia, governança e cultura organizacional, por exemplo, é uma característica fundamental dos nexialistas, que atuam como catalisadores de inovação.
Adotar o nexialismo, contudo, não é tarefa simples. Essa mentalidade exige uma combinação de curiosidade insaciável, aprendizado contínuo e flexibilidade cognitiva. É preciso sair da zona de conforto e mergulhar em áreas desconhecidas, conectando pontos que outros poderiam ignorar. Para muitos líderes, isso pode ser desafiador em um ambiente corporativo que, muitas vezes, valoriza o hiperfoco em detrimento da amplitude de visão.
Por outro lado, os benefícios são claros: líderes com mentalidade nexialista são mais capazes de gerenciar crises, antecipar tendências e promover transformações organizacionais. Se olharmos para os desafios do futuro — mudanças climáticas, disrupção tecnológica, crises geopolíticas —, fica evidente que o pensamento isolado não basta. O mundo precisa de nexialistas, de lideranças que saibam olhar além das fronteiras do óbvio e conectar conhecimentos diversos para transformar incertezas em oportunidades.
Mais do que um conjunto de habilidades, o nexialismo é uma filosofia que une empatia, visão sistêmica e ação estratégica, características que definirão os arquitetos do amanhã. Ao cultivarmos essa mentalidade, construímos não apenas organizações mais robustas, mas também sociedades mais preparadas para navegar as complexidades do futuro. Sendo assim, olhe com bons olhos para os generalistas, plurais, diversos. Dentro de contextos específicos, esses perfis podem ser grande geradores de resultado no seu negócio.